Após cinco anos, poluentes da tragédia ambiental de Mariana ainda chegam ao mar
Poluente continua, aos poucos, chegando na direção do arquipélago de Abrolhos

Foto: Reprodução
Mesmo cinco anos depois da tragédia da mineradora Samarco em Mariana (Minas Gerais), que matou 19 pessoas, uma análise feita onde o rio encontra o mar, afirmou que ainda há fluxo de rejeito de minério chegando à região, e o poluente continua, aos poucos, chegando na direção do arquipélago de Abrolhos. As informações são do GLOBO.
O resultados foram obtidos por meio de um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que analisou o material coletado nas instalações do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. O estudo também foi publicado em outubro na revista científica Chemosfera, onde é descrito uma situação preocupante pelos pesquisadores.
A oceanógrafa Valéria Quaresma havia o sedimento colhidas na boca do rio em 2012, e conseguiu compará-las com outras coletadas nos anos que se seguiram à tragédia, para analisar outros elementos. Em parceria com o físico Marcos D'Azeredo Orlando, também da Ufes, o grupo da cientista conseguiu analisar o material usando o UVX, o acelerador de partículas para a produção de luz “síncrotron”, feixes de radiação concentrada e intensa usada para análise de material .
Os pesquisadores perceberam que havia ferro contido no sedimento marinho, além de ter aumentado em concentração, o ferro encontrado ali tinha características semelhantes ao ferro medido no rejeito da barragem, formando estruturas cristalinas mais próximas ao minério da Samarco do que o ferro residual presente no leito marinho capixaba.
Segundo Orlando, um dos principais problemas um sinal de que a assinatura dos rejeitos é encontrada cada vez mais no leito oceânico na direção do Parque Nacional de Abrolhos, uma unidade de conservação marinha.
“Temos indícios fortes de que, após grandes chuvas e tempestades no mar, um lama com rejeito sofre 'ressuspensão' na coluna d'água, no rio e no mar, e é transportada”, explica.
“Uma parte desse material é tão fino, um 'coloide', que praticamente não se deposita quando suspenso. Isso indica que ainda existe material se movimentando e que precisa continuar o monitoramento ”, dizem os pesquisadores, num documento de apoio ao estudo publicado em outubro.