Aumenta o número de crianças e adolescentes com pedra nos rins
Estilo de vida e alimentação desequilibrada são as principais causas

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O cálculo renal, mais conhecido como pedra nos rins, é a doença mais comum do sistema urinário e afeta cerca de 12% da população mundial. Embora seja mais comum entre os adultos, especialistas apontam que o crescimento progressivo do transtorno em crianças e adolescentes tem variado de 6% a 10% a cada ano. Na maioria dos casos em geral, é comum que a pedra nos rins seja causada por fatores genéticos e anormalidades do trato urinário. Contudo, em crianças e adolescentes os casos estão cada vez mais associados a alimentação rica em sódio, entre outras mudanças no estilo de vida desse grupo etário.
O urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans disse ao Farol da Bahia que o aumento de casos de crianças e adolescentes com cálculos renais está principalmente relacionado com o estilo de vida.
“Ainda não podemos comprovar cientificamente, mas o estilo de vida está muito relacionado a formação dos cálculos. No geral, há dois fatores que impulsionam o surgimento do cálculo renal em crianças e adultos. O primeiro é a falta de ingestão de líquidos, principalmente água, e o segundo é o excesso de consumo de sal. Quimicamente falando, o sal é muito parecido com o cálcio que é um principal formador de pedra nos rins. Por isso é muito perigoso”, disse.
“Em relação ao estilo de vida, o que a gente percebe hoje em dia nas crianças é uma tendência de ficar muito dentro de casa e em frente às telas. Essa realidade acaba tornando a criança mais sedentária e elas ficam tão focadas no que estão fazendo que acabam esquecendo de beber água. Além disso, não se lembram de ir ao banheiro fazer xixi. Tudo isso ajuda na formação de cálculos. Outra coisa é a alimentação que, devido a correria dos pais, muitas vezes é rica em sódio”, completou.
O alerta do especialista se baseia em diversos estudos concluídos ou em curso. Um deles, feito por pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, revelou que adolescentes obesos têm 2,5 vezes mais chance de apresentar cálculos renais. “Achados significativos de estudos atuais relacionam os cálculos ao aumento do número de crianças com alterações metabólicas, o que reforça a necessidade de uma avaliação laboratorial completa em crianças”, destacou Calazans.
Prevenção e sintomas
Para prevenir a doença, “além da adoção de uma alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares, a ingestão de pelo menos um litro de água por dia deve fazer parte da rotina das crianças”, recomendou Leonardo Calazans.
Os sintomas dos cálculos são variados e podem incluir dor abdominal, sangramentos na urina ou infecções urinárias, mas nem sempre o paciente infantil consegue relatar com precisão o episódio doloroso. Após a confirmação do cálculo por exames de imagem, deve-se prosseguir a investigação com uma avaliação metabólica através de exames de urina e sangue, além da avaliação da função renal.
Tratamento
Ainda de acordo com o urologista, crianças acometidas por cálculos têm maior probabilidade de perder parte da função do rim ou de desenvolver cicatrizes renais do que os adultos. Por isso, é fundamental consultar um especialista em caso de suspeita com a máxima brevidade possível.
O tratamento conservador é, habitualmente, a primeira escolha de tratamento em crianças com pequenos cálculos renais e ureterais, pois são altas as taxas de eliminação espontânea. “Nesses casos, geralmente, recomendamos o reforço na hidratação, o tratamento da infecção urinária, a restrição ao uso de sal e o controle dos eventuais distúrbios metabólicos”, concluiu.