Banco Central estima crescimento de 4,4% do PIB em 2021
Previsão é considerada pessimista; governo e mercado financeiro preveem altas maiores

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá divulgar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2021, na comparação com 2020 - ano com os maiores reflexos da pandemia do novo coronavírus na economia, no mês de março deste ano.
As estimativas sobre o PIB seguem pessimista. O Banco Central (BC) está na lideranças das previsões mais pessimistas, indicando que a soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil está na casa dos 4,4%.
Essa previsão do BC é divulgada no mesmo momento em que o Ministério da Economia aponta alta de 5,1% do PIB em 2021. Os analistas do mercado financeiro também enxergam um avanço de 4,5% nas riquezas nacionais.
Ao fazer a redução em 0,3 ponto percentual no RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado em dezembro de 2021, a autoridade monetária do Brasil justifica a previsão salientando que é motivada pelo ingresso da economia em recessão técnica no terceiro trimestre e os “resultados piores do que os esperados” de alguns setores em outubro.
"Surpresas negativas em dados recentemente divulgados, que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica no próximo ano”, diz o documento.
A análise do BC considerava, até então, o péssimo ingresso dos setores de serviços (-1,2%), responsáveis por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto), da indústria (-0,6%) e do comércio (-0,1%), dado que foi revisado e passou a ser positivo, no último trimestre de 2021.
Apesar de início ruim dos setores econômicos para os últimos meses do ano, o mês de novembro indica resultados melhores, apenas com a indústria ainda em retração (-0,2%). O volume de serviços prestados cresceu além do esperado (+2,4%) e o comércio contou com o auxílio da Black Friday para comemorar o segundo dado positivo seguido (+0,6%) no período analisado.
O Banco Central apresenta outros dois argumentos para a previsão pessimista do PIB 2021: a alta inflação, parcialmente associada a choques de oferta, e o aumento no risco fiscal como fatores que pioram os prognósticos de crescimento para 2021 e 2022.
De acordo com a autoridade monetária do país, a evolução menos favorável da economia também está refletida nos indicadores que medem o otimismo de empresas e consumidores para os próximos meses.
"No curto prazo, os choques de oferta continuam influenciando os preços e afetando negativamente atividade e consumo. Soma-se ao quadro atual a perspectiva de que limitações na disponibilidade de insumos em determinadas cadeias produtivas perdurem por mais tempo do que se esperava anteriormente", avalia o BC.