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Bolsonarismo pode dominar Senado, mas só vitória sem precedentes daria trunfo sobre STF

Grupo ligado a Bolsonaro mira maioria no Senado em 2026, mas precisará de vitória histórica para aprovar impeachment de ministros do STF.

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Bolsonarismo pode dominar Senado, mas só vitória sem precedentes daria trunfo sobre STF

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O bolsonarismo irá conseguir a maioria de cadeiras do Senado nas eleições de 2026 caso repita o extraordinário desempenho de quatro anos antes, em 2022, mas a obtenção do número necessário para impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), meta declarada do grupo, só ocorrerá com uma vitória avassaladora e sem precedentes.

O controle do Senado em 2026 é almejado não só por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, que não escondem esse objetivo e os motivos pelos quais o perseguem, mas também por Lula (PT) e aliados, que têm recalculado estratégias para evitar que a Casa caia na mão dos opositores.

As eleições para as 81 cadeiras do Senado funcionam de uma forma diferente, já que o mandato é de oito anos, não de quatro, como é para os demais cargos eletivos.

Em 2022 foram renovadas 27 das 81 cadeiras (uma de cada estado) e, apesar de Bolsonaro ter perdido a reeleição para Lula, os aliados do presidente à época conseguiram um desempenho acachapante na Casa.

Bolsonaristas conquistaram 56% das cadeiras em disputa, levando para a chamada "Casa Alta" até janeiro de 2031 nomes como os ex-ministros bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN), Jorge Seif (PL-SC) e Sergio Moro (União Brasil-PR), além do então vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Senadores próximos ou mais simpáticos a Lula ficaram com 33% das vagas e os independentes, com 11%.

Apesar desse resultado, a configuração partidária dos que em 2022 ainda estavam no meio do mandato permitiu a Lula ter uma situação de relativo controle, já que no total o bolsonarismo e a oposição mais ferrenha ficou em torno de 30 das 81 vagas.
Já em outubro de 2026, o Senado irá renovar as demais 54 cadeiras, dois terços da Casa, duas por estado.

Se o bolsonarismo repetir o extraordinário feito de 2022, ou seja, vencer 56% das vagas em disputa, conseguirá ocupar a maioria das vagas, 45 —a soma dos eleitos com aqueles que estão em meio de mandato.

O número que lhe daria uma força considerável na Casa —levemente inferior ao mínimo necessário para aprovação de emendas à Constituição, que é 49— representa, porém, uma tarefa bastante complexa.

Seria preciso conquistar 30 das 54 vagas em disputa. Uma por estado e duas em três deles, por exemplo.
Para a obtenção do número mínimo de cadeiras para aprovar o impeachment de um ministro do STF (54), o que nunca ocorreu na história do país, o desempenho das eleições de 2026 terá que ser mais extraordinário ainda.

O controle de 54 das 81 cadeiras do Senado pelo bolsonarismo só ocorrerá se os nomes vinculados ou apoiados pelo ex-presidente conquistarem 39 novas vagas, ou seja, uma "taxa de sucesso" de mais de 70%.

Teriam, por exemplo, que eleger um senador em cada uma das 27 unidades da federação, sendo que em 12 delas seria preciso conquistar as duas vagas.

Se esse feito, eleger dois senadores por estado, é uma meta possível em unidades da federação como Santa Catarina, por exemplo, o mapa de pré-candidaturas gerais mostra um cenário bem mais adverso em outras localidades.

A lista mostra vários governadores bem avaliados como favoritos —entre eles Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS), pré-candidatos a presidente, mas tendo o Senado como plano B.

Nos estados do Norte e Nordeste, é altamente improvável haver uma dupla vitória bolsonarista, inclusive sendo hoje mais factível em vários deles não haver nenhuma vaga conquistada por aliados do ex-presidente.

Na Bahia, por exemplo, três nomes fortes vinculados a Lula disputam as duas vagas da chapa e por ora são favoritos. O senador e ex-governador Jaques Wagner (PT), o ministro e ex-governador Rui Costa (PT) e o senador Angelo Coronel (PSD). Nome do bolsonarismo, o ex-ministro João Roma (PL) corre por fora.

No Maranhão, não há por ora um candidato vinculado a Bolsonaro que apareça com chances reais de ser eleito. No Rio Grande do Norte, a favorita para uma das vagas é a governadora do PT, Fátima Bezerra. No Pará, a família Barbalho, hoje aliada a Lula, conta com grande popularidade e também é favorita para conquistar as duas vagas.

Fora do Norte e Nordeste também há problemas para o ex-presidente. Goiás é um exemplo. Mesmo o estado sendo majoritariamente simpático a Bolsonaro —ele obteve 59% dos votos contra 41% de Lula na eleição de 2022—, é dado como certo no mundo político local que uma das vagas será ocupada pelo principal nome apoiado pelo governador Caiado.

Ele próprio, se sua candidatura à Presidência naufragar, ou a sua mulher, Gracinha Caiado (União Brasil). O outro nome da chapa do governador também é forte, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Medanha (MDB).

O bolsonarismo tentará furar essa barreira possivelmente com o deputado Gustavo Gayer (PL), mas o grupo do governador levou a melhor na medição de forças direta no estado entre Caiado e Bolsonaro, nas eleições municipais de 2024.

Em Minas, o próprio ex-presidente diz ainda não ter um nome definido. Em São Paulo os aliados dele trabalham com a expetativa de emplacar a eleição de uma chapa puro-sangue do PL, com Eduardo Bolsonaro e o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite (PP).

No Rio, a aposta é na reeleição de Flávio Bolsonaro (PL). Mesmo em locais onde há expectativa de bolsonaristas conquistarem as duas vagas, o projeto de destituir ministros do STF pode sofrer defecções.

No Distrito Federal, despontam como fortíssimos candidatos às vagas a mulher de Bolsonaro, Michelle—caso ela não seja escolhida pelo marido candidata à Presidência— e o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB).

Apesar de ter uma relação próxima a Bolsonaro, o governador, que fez carreira na advocacia e tem fortes vínculos com o Judiciário, não é visto como alguém que apoie movimentos pró-impeachment de ministros do STF.

"Tem que ser algo muito sério e, com o que tem hoje, não teria o meu apoio", disse por exemplo, em entrevista à Folha de S.Paulo, em março.

*Por Ranier Bragon

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