Brasil precisa ter protagonismo para enfrentar mudanças climáticas, conclui evento da ONU
Ativista sueca Greta Tunberg foi uma das debatedoras no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

Foto: Lionel Bonaventure/Getty Images
O Relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ligado às Nações Unidas, foi debatido nesta sexta-feira (10) em uma sessão temática no Plenário do Senado. Os debatedores, brasileiros e estrangeiros, entre eles a jovem ativista sueca Greta Tunberg, cobraram atitudes ambientalmente conscientes do Brasil.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, fez um apelo a atores políticos e a sociedade como um todo e afirmou que o país não pode se ausentar da articulação internacional. Casagrande ainda ressaltou a preocupação com o maior público afetado pelas crises: os mais pobres.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Walmor Oliveira, reforçou a preocupação. “Toda a criação já sofre as consequências, mas são os mais pobres e marginalizados que pagam o preço mais alto. Ondas de calor extremo, secas, alagamentos, eventos climáticos extremos, já ceifam vidas. Tendem a aumentar nos próximos anos e colocam em risco a vida no planeta”, destacou o bispo.
O senso de urgência é o principal destaque quando se fala em riscos trazidos pelas mudanças climáticas, como incêndios florestais, aumento do calor, derretimento de geleiras, inundações, avanço do mar sobre ilhas e regiões costeiras. Por isso, o presidente do Centro de Reparo Climático da Universidade de Cambridge, David King, afirma que é preciso planejamento de ações para os próximos anos, principalmente os próximos 10 anos. “Isso vai determinar todo o futuro da humanidade no próximo milênio”, afirma King.
David King ainda aponta a fome por carne vermelha como responsável pelo aumento de metano na atmosfera. “Nós precisamos converter essa ambição, em ação. Então eu gostaria de conclamar a todos nesta conferência que considerem qual ação pode ser tomada, seja no nível governamental, no nível estadual, também no setor privado, na sociedade, para proteger e preservar o planeta e as pessoas em todos os lugares”, declara King.
Ativista Greta Tunberg equilibrou cobrança com reconhecimento de que a ‘lambança’ com o meio ambiente começou com os europeus. “Eu estou onde começou essa crise que nós estamos vendo ao estar aqui neste momento. Esta é a parte do mundo que nós temos uma responsabilidade enorme por essa crise que vivemos hoje”, falou a ativista.
Tunberg ainda destaca a situação ambiental do Brasil ao citar a situação dos povos indígenas. “É vergonhoso o que eles estão fazendo com os povos indígenas e com a natureza. O Brasil claramente não começou essa crise, mas sim, acrescentou muito combustível a esse incêndio”.
E enquanto os debatedores falavam diretamente do sossego de casa ou do escritório, a ativista Samela Sateré-Mawé falava direto do front. Ela participa em Brasília da marcha das mulheres indígenas.
A indígena deu o recado lembrando que são nas terras deles que o meio ambiente tem sido melhor preservado. “Nós somos os principais defensores da natureza. Não tem como pensar em Amazônia, não tem como pensar em preservação, não tem como pensar em meio ambiente, sem levar em consideração os povos indígenas”.