Da ética ao lamaçal

[Da ética ao lamaçal ]

FOTO: Reprodução

Um dos debates mais calorosos e intempestivos no jornalismo é sobre ética. É tema corriqueiro em simpósios, insufla semanas acadêmicas, vira mote de palestras, enfim, é um assunto importante a ser tratado por estudantes e por aqueles que estão no mercado.

Se a lição fosse devidamente compreendida e aplicada, primeiro, atingiríamos a utopia; segundo, certamente a sociedade poderia confiar mais na mídia, sem a desconfiança, ou pior, sem o constrangimento de ler, ouvir ou ver notícias falsas ou tendenciosas, levadas ao cidadão de forma descarada, para, vejam só, desinformar. 

Atual e necessária, a ética jornalística vez ou outra escorrega aos confins do esgoto e se perde num lamaçal vil. É quando a comunicação social se volta quase que exclusivamente às cifras ou questionáveis interesses unilaterais. 

Caso esse editorial fosse numa matéria, os três primeiros parágrafos é o que jornalistas fissurados por bordões do ofício chamariam de nariz de cera, geralmente os mesmos que relegam a ética quando bem entendem e se inflam com o desnecessário linguajar americanizado que impregna muitas caquéticas redações. 

Que seja, no entanto, é deveras pertinente contextualizar a fissura jornalística no desserviço da Rede Globo em tentar, a todo custo, envolver o nome do presidente Jair Bolsonaro no assassinato da então vereadora Marielle Franco e do motorista, Anderson Gomes, em abril de 2018. 

O que se viu, na repercussão de depoimentos colhidos pela polícia do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, foi um mau exemplo de desespero em conseguir o ‘furo’ e, para tanto, afrouxar – propositalmente? – a apuração dos fatos. Um dia após a matéria sensacionalista e mal apurada de um telejornal da emissora, constatou-se que a gravação sobre as permissões de entrada no condomínio contradiz o livro de registros da portaria, com a anotação feita à mão no dia, marcando que foi a casa do presidente que liberou. O porteiro concedeu dois depoimentos gravados confirmando o livro. 

No fim, foi uma ‘barrigada’ da Globo – ingênua ou antiética, com sórdidos interesses?


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