Deputado preso por negociar armas com facção gravou vídeo de 200 kg de maconha e ofereceu a traficante
Segundo a PF, vídeo mostra o deputado oferecendo a droga a Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, que rejeitou a proposta

Foto: Divulgação/Alerj
O deputado estadual Thiego Santos, mais conhecido como TH Joias, preso na quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, gravou um vídeo exibindo 200 kg de maconha embalados em sacos e enviou o registro a um traficante oferecendo a droga.
Segundo informações da investigação da Polícia Federal (PF), divulgadas pela GloboNews, os quilos de maconha foram oferecidos ao traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, também preso na quarta e suspeito de chefiar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias (RJ).
Um dos vídeos mostra uma sala cheia de sacos contendo a droga, e TH diz que são 200 quilos. Índio responde: “Isso não é bom de vender”. As imagens não foram divulgadas pela PF.
O parlamentar foi preso por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociar armas com o Comando Vermelho (CV). O inquérito afirma que o deputado vendeu dois fuzis por R$ 120 mil para traficantes no ano passado e lucrou mais de R$ 200 mil comercializando bloqueadores de sinal e bazucas para anular drones da polícia, material destinado às principais facções criminosas.
O gabinete do deputado era usado para empregar mulheres ligadas a traficantes, como Fernanda Ferreira Castro, mulher de Índio.
Em três anos, Thiego e a esposa movimentaram R$ 13 milhões. O deputado recolheu R$ 9 milhões em espécie no Complexo do Alemão para trocar por dólar para o tráfico.
A investigação detalha ainda que, em abril de 2024, dois meses antes de assumir o mandato como suplente, TH Joias foi ao Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro para buscar R$ 5 milhões em espécie na casa de um traficante.
Segundo a PF, o dinheiro pertencia a Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, um dos chefes da facção, que está foragido. O parlamentar ganhou R$ 50 mil para trocar o montante, com a ajuda de um assessor, por US$ 1 milhão, entregue pessoalmente aos criminosos.
Em maio de 2024, um mês antes da posse na Alerj, o mesmo roteiro se repetiu: dessa vez, a entrega foi de R$ 4 milhões, novamente para câmbio em dólares. A Polícia Federal afirma ainda que Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, também participava da lavagem de dinheiro. Ele era assessor parlamentar do deputado e também foi preso na quarta.
A investigação identificou que ele recebia ajuda de Alessandro Pitombeira Carracena, servidor que trabalhou na Casa Civil entre 2023 e 2024.
O relatório afirma que Carracena era “figura estratégica” no esquema: tinha acesso a informações privilegiadas, repassava dados à organização criminosa e recebia propina em troca.
Em 31 de janeiro de 2024, Carracena teria avisado o grupo sobre uma operação policial que ocorreria no Complexo do Alemão.
Em diálogos interceptados, o traficante Índio do Lixão diz a TH Joias que “Carracena me ligou cedo, bateu tudo que ele falou”. Em outra troca, Índio envia uma foto de dinheiro em espécie, diz que tem R$ 148 mil para o deputado e mais R$ 90 mil para entregar a Carracena.
O que dizem os citados
Nota de TH: "A defesa do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva considera absurdas as acusações que vêm sendo reiteradas contra ele. Trata-se de uma repetição de fatos já explorados anteriormente, em claro movimento de perseguição política a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro. Até o presente momento, a defesa não teve acesso integral aos autos, o que evidencia a violação do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa. Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e demonstrar a total inocência do deputado."
O Governo do Rio de Janeiro "esclarece que Alessandro Pitombeira Carracena não é mais servidor do Estado desde janeiro deste ano".
Alerj: “A Alerj tomou conhecimento na data de hoje da expedição de mandados de busca e apreensão em face do Deputado Estadual Thiego Santos, que foram cumpridos em seu gabinete. As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa Legislativa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Alerj segue acompanhando o caso.”
MDB: “Diante das notícias de que o deputado suplente TH Joias está sendo procurado pela polícia, com mandado de prisão por suspeita de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas para o Comando Vermelho (CV), o MDB decidiu expulsar o parlamentar. TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros.”