Dólar fecha primeiro semestre em R$ 4,79 e registra melhor desempenho em sete anos
Queda da moeda americana é impulsionada por perspectivas internas e temores de recessão global

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O dólar americano encerrou o primeiro semestre com chave de ouro, fechando a sexta-feira (30/6) em R$ 4,79 e registrando seu melhor desempenho nos últimos sete anos. Ao longo dos primeiros seis meses do ano, a cotação da moeda americana caiu pouco mais de 9,4%, sendo que apenas no mês de junho a queda foi de 5,6%.
O desempenho positivo do real brasileiro tem sido influenciado por diversos fatores, incluindo o noticiário interno e os temores de recessão que persistem nos países ricos. No radar dos mercados no Brasil está a perspectiva de queda da taxa de juros em agosto e uma inflação melhor do que as expectativas. Além disso, a meta de inflação de 3% foi reforçada recentemente pelo Banco Central e pelo governo no Conselho Monetário Nacional.
Nas últimas semanas, houve também a alteração na perspectiva da nota de crédito do Brasil pela agência de risco Standard & Poor’s. Embora a nota tenha se mantido como “investimento de risco”, a observação passou de “estável” para “positiva”, algo que não ocorria desde 2019.
Ao longo do ano, os mercados têm percebido uma dissipação parcial das incertezas em relação à política econômica e à economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre superou as expectativas, registrando um crescimento de 1,9%, impulsionado pelo bom desempenho do setor agropecuário e pela manutenção do consumo e da baixa inflação, especialmente em itens mais baratos.
Temas políticos, como a aprovação do novo marco fiscal para limitar os gastos públicos e o debate da reforma tributária, também podem impactar as perspectivas econômicas do país.
No caso do câmbio, outros fatores imediatos de mercado, como as novas emissões de títulos do Tesouro e a emissão privada da Petrobras, no valor de US$ 1,25 bilhão, contribuem para a entrada de dólares no Brasil. Além disso, o aumento das exportações do setor agropecuário também impacta positivamente o fluxo de dólares.
Apesar das quedas recentes, a visão geral no mercado é que o dólar voltará a subir até o fim do ano, embora não deva ultrapassar significativamente o patamar de R$ 5. De acordo com as projeções coletadas pelo Banco Central no último boletim Focus, a mediana das apostas é de que o dólar feche o ano em R$ 5,0. Há um mês, a projeção era pior, de R$ 5,11. No entanto, algumas casas ainda apostam que a moeda americana pode encerrar o ano abaixo de R$ 4,50.