Um duro golpe ante o empenho do governo federal em manter o Brasil de pé diante da crise da covid-19: o país entrou oficialmente em recessão. Agora, a economia está no mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global. É, e unicamente, o reflexo de um período único na história moderna, que atingiu mercados globais, sem exceções, em níveis estratosféricos.
O PIB caiu 9,7% no segundo trimestre na comparação com o primeiro trimestre, segundo o IBGE. Em relação ao mesmo período de 2019, caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as maiores quedas da série, iniciada em 1996. A indústria foi a mais afetada com o recuo recorde de 12,3%, no entanto, foi o setor de serviços que puxou a economia para baixo: teve contração de 9,7% no período, resultado também inédito.
Setor que representa 65% do PIB, o consumo das famílias recuou um recorde de 12,5%. A queda só não foi maior por causa do auxílio emergencial, que aliás, mesmo menor, de acordo com os apertos que o governo consegue fazer no orçamento, continua, e isso é louvável. Qualquer intimidação ou ressalva da oposição é digna de repúdio. Ainda é cedo, também, para qualquer análise sobre a extensão do benefício, se vai ou não prejudicar o retorno dos investimentos.
A retomada da economia deve vir conforme as famílias conseguirem consumir plenamente, afinal, grande parcela da população ainda questiona se já é o momento de se expor mais, como frequentar restaurantes e bares, viajar ou até mesmo reuniões mais numerosas entre amigos. E tudo isso depende de outro componente: as pessoas têm recursos para tanto?