Hacker, em depoimento à PF, liga Manuela D'Avila a Glenn Greenwald

De acordo com o suspeito preso, ex-candidata à vice-presidente na chapa da Haddad foi quem o conectou com o jornalista do The Intercept Brasil; em nota, Manuela nega conhecer plano do hacker

Por Da Redação
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Hacker, em depoimento à PF, liga Manuela D'Avila a Glenn Greenwald

Foto: Divulgação | Bertani

Walter Delgatti Neto, preso pela Polícia Federal (PF), pela suspeita de hackeamento de contas do Telegram de autoridades brasileiras, disse nesta sexta-feira (26) que foi por meio da ex-candidata à vice-presidente Manuela D'Ávila (PCdoB) que conseguiu o contato telefônico de Glenn Greenwald, um dos sócios-proprietários do site The Intercept Brasil.  

No depoimento à PF, Vermelho, como Delgatti é conhecido, afirmou que conseguiu o contato de Manuela durante um hackeamento à agenda telefônica da ex-presidente Dilma Rousseff, também no Telegram. De acordo com o suposto hacker, o telefone da petista foi obtido de uma lista que estava no telefone de Luiz Fernando Pezão. O contato, ele disse, aconteceu em maio deste ano. 

Fora Manuela, segundo Vermelho, que envolveu Glenn no caso. Ele revelou à PF que Manuela, ao saber do que se tratava o hackeamento, foi quem passou o contato do jornalista norte-americano. Alegou, ainda, que não recebeu qualquer quantia pelo trâmite de repassar os áudios e conversos do Telegram das autoridades ao The Intercept Brasil. 

Disse, no entanto, que não armazenou nenhuma mensagem da ex-presidente e do ex-governador, “tendo em vista que eram contas com poucas mensagens”. Também no depoimento à PF, Delgatti revelou que, entre as diversas contas de Telegram que conseguiu acessar, acessou somente as mensagens de membros da forças-tarefas da Lava Jato no Paraná, e da Greenfield em Brasília (que apura desvios em fundos de pensão).

Apesar de ter acessado também contas de Sergio Moro, disse que não obteve nenhum conteúdo delas. Os acessos às contas de Telegram foram feitos entre março e maio deste ano e, segundo o hacker, se destinavam, na maioria dos casos, à obtenção dos números dos alvos.

De acordo com o depoimento de Delgatti, a ex-deputada Manuela D’Ávila ouviu o grampo ilegal de um áudio entre dois procuradores - o que a teria convencido a repassar o contato do hacker a Glenn Greenwald. As informações são do site O Antagonista. 

O Farol da Bahia tentou contato com Manuela e com o PCdoB, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. No entanto, ela divulgou nota à imprensa na noite de hoje pelas suas redes sociais. Manuela negou conhecer o hacker e se colocou à disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Confira na íntegra: 

"Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo The Intercept Brasil, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza. 

2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald. 

3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial". 

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