Há 35 anos, Amyr Klink percorria Atlântico Sul em um simples barco a remo
Navegador partiu da costa da Namíbia, na África, até chegar à Praia da Espera, no litoral da Bahia

Foto: Reprodução
Sob fortes e intensas remadas, cruzar sozinho o Atlântico Sul e passar 100 dias em alto mar. Amyr Klink conseguiu alcançar tal feito há exatos 35 anos, no que é considerado por muitos um dos maiores desafios já enfrentados por um navegador. O destino final foi a Praia da Espera, no litoral da Bahia. Entretanto, antes de decidir vivenciar a aventura, Amyr teve que conviver primeiro com a desconfiança das pessoas que o cercavam no momento que revelou a intenção da viagem. Algumas até cogitaram que ele iria morrer.
"Foi uma experiência engraçada, porque todo mundo achou que eu ia morrer e quando eu saí da África, eu tive certeza que ia morrer. Saí numa época muito ruim porque tinha muita burocracia e eu não quis escolher o momento ideal, quis me livrar logo da África, e no final foi uma experiência quase poética, chegar na Bahia, encontrar os pescadores, eu falei que não pesquei nada e eles vieram me trazer peixes (risos)", disse.
Amyr sempre teve muitas expectativas ao planejar a viagem, o sonho de avistar o Brasil no percurso era um dos grandes objetivos do trajeto. Ele só não contava que ao chegar ao destino final, passaria por um misto de emoções. Ainda segundo o navegador, a pessoa que tiver o desejo de conseguir repetir a mesma marca, terá que ter um empenho maior além das adversidades.
"A alegria que eu senti não foi nem de chegar na Bahia, a alegria foi que eu cumpri o meu plano. Eu estava triste porque a viagem acabou, eu adorei a viagem e também tava feliz porque cumpri o meu plano. Hoje o mundo tá cheio de superar os seus limites, essas babaquices de auto ajuda. Pessoal precisa parar de ler auto ajuda e começar a fazer o que quer ", afirmou.
E quem foi que disse que não tem pessoas querendo repetir a marca? Sempre há fãs que procuram o navegador revelando sonhos e como a história dele os inspirou, mas é quase que unânime o obstáculo que os impedem tirar a ideia do papel e por em prática.
"Há cada dois meses aparece um louco aqui querendo fazer (o desafio) e diz:
-"Nossa me inspirei no seu livro, no planejamento, já tenho assessoria de imprensa, já tenho nutricionista, coach"
e aí eu pergunto:
-"Já tem o barco?",
ele diz:
-"Não, tô esperando patrocinador"
aí eu respondo:
-"Então você nunca vai entrar no Oceano. Se não tem competência para fazer um barquinho de seis metros de comprimento sem patrocínio, não merece entrar no mar", revelou.
A viagem de Amyr estabelece um recorde que permanece até os dias atuais, além de ter inspirado a criação de best-seller entitulado de "Cem dias antes do Sol". Outras viagens ficaram marcadas na vida do navegador, como o trajeto rumo à Antártica em um veleiro construído especialmente para a expedição. Aventura esta que foi tão intensa quanto a anterior, já que o barco ficou preso no gelo da Baia de Dorian. Os 642 nas águas renderam longas histórias descritas nas obras "Paratii Entre dois pólos" e "As janelas do Paratii". Nos dias atuais, ele viajava pelo Brasil revelando as experiências no mar, dando palestras e revelando como se tornou uma lenda entre os navegantes.