Como o Bahia arrumou a casa e virou uma das potências do Nordeste na Série A
Torcida foi essencial no processo

Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia
Há exatos cinco anos, o Bahia recebeu uma proposta do Benfica por Anderson Talisca. No momento que o tricolor estava perto de concluir a negociação, constatou que os empresários possuíam 120% dos direitos sobre o atacante. Membro da gestão anterior e atual presidente do clube, Guilherme Bellintani, classificou como "fundo do poço" as tratativas. Após conversas com os agentes, o time baiano ficou com metade da transação.
A partir desta negociação, o clube reduziu os custos, reestruturou as dívidas e a gestão, que vem rendendo resultados satisfatórias. O clube tem um débito líquido de R$ 160 milhões, inferior à receita anual, que é de R$ 180 milhões, previstos para 2019, paga as contas e dia, engajou a torcida com elevada média de público e está atualmente na sétima colocação na tabela do Brasileiro. Além de conseguir dentro do próprio patamar repetir processos de recuperação financeira adotados por outras potências do futebol brasileiro como Flamengo, Palmeiras e Grêmio.
A fórmula se divide em duas fases. Primeiro, a redemocratização do clube que veio com Fernando Schmidt. Segundo, a profissionalização e plano de recuperação financeira com Marcelo Santana até chegar a Bellintani, que cresceu o volume das receitas. Não foi um processo fácil, já que o clube ficou na segunda divisão em parte desse período e ainda houve o Profut para alinhar dívidas fiscais. Mesmo não sendo um projeto finalizado, o clube baiano arrumou a casa sabendo até onde poderia gastar, e convocando a torcida para ajudar na recuperação.
Bellintani afirma que a ideia do projeto de lei da Câmara de que clubes virem empresas será ruim. O modelo inclui um novo Refis (refinanciamento e benefícios para dívidas fiscais) além da possibilidade de recuperação judicial (com paralisação de dívidas privadas). O mandatário entende que é preciso melhorar o texto proposto pelo deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ).
O presidente do Bahia relembra que o time já teve 14 mil sócio-torcedores, e atualmente possui 43 mil no novo plano. Bellintani ainda afirmou que este ano o tricolor será o 14º orçamento do futebol brasileiro. Antes o valor era de R$ 95 milhões e atualmente chega a ser R$ 180 milhões.