Endividamento das famílias chega ao maior patamar desde 2010, diz CNC
As despesas são referentes a modalidades como cartão de crédito, financiamento de carro e casa

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio revelou que, a cada 100 famílias, 78 se endividaram em 2022 no Brasil, maior patamar desde 2010. As despesas são referentes a modalidades como cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, carnês, financiamento de carro, casa e outros tipos de dívidas.
“Durante a pandemia e após a pandemia, o endividamento das famílias explodiu, por uma questão de necessidade, evidentemente. Por conta do forte impacto nos empregos e também nos negócios. E, logo na sequência, houve dois movimentos também muito importantes para a dinâmica de consumo, o aumento abrupto da inflação, que teve seguido da guerra, e o aumento rápido da taxa de juros, que saiu de 2% para 13,75%", diz o relatório.
"O cenário atual reflete um quadro em que se tinha famílias muito endividadas e que, agora, têm que carregar dívidas muito caras”, pontua.
Pela primeira vez, os dados da pesquisa mostraram que os mais ricos ficaram em mais de 70% de endividados desse grupo. Os maiores gastos vieram do cartão de crédito com viagens, além de entretenimento fora de casa a partir de 2021. A proporção de despesas chegou a 78,9% nas famílias do grupo com até 10 salários mínimos de renda mensal e 74,3% entre aquelas que recebem acima de 10 salários de rendimento.
Apesar de as famílias de menor renda contabilizarem um número maior de dividas, os avanços no volume de devedores no pós-pandemia e na última década foram mais expressivos entre esses consumidores.
“O cartão de crédito é o grande destaque nos últimos anos, mas principalmente pós-pandemia. É o grande destaque na composição de dívidas das famílias. É um meio de pagamento muito fácil, muito rápido, então acaba se tornando uma modalidade de crédito de uso muito facilitado. Só que o cartão de crédito é também aquele que tem a maior taxa de juros. A gente o ingresso de fintechs no mercado de cartão de crédito e também o próprio varejo operando os seus cartões próprios. Isso fez avançar significativamente o maior endividamento no cartão de crédito tanto no grupo de famílias de baixa renda quanto no grupo de famílias de renda mais alta”, diz Isis Ferreira, economista responsável pela pesquisa da CNC.
A pesquisa também avaliou o perfil das pessoas mais endividadas e as regiões do país que vivem. “A gente sabe hoje que a maioria dos endividados no Brasil são mulheres com até 35 anos, consumidores com até 35 anos anos. Consumidores com ensino médio incompleto e também famílias com até 10 salários mínimos de renda mensal. São pessoas situadas no sul e no sudeste. Sul e sudeste além de ter a maior proporção de endividados foi onde também essa proporção mais cresceu em relação ao momento pré-pandemia”, pontua Isis.