Falhas de pesquisa
Confira o editorial deste sábado (18)

Foto: Agência Brasil
O mesmo DataFolha que em diversas pesquisas apontava cenários de um segundo turno das eleições presidenciais de 2018 sem Jair Bolsonaro, também tenta, agora, impor uma situação fragmentada à população, no que diz ao embate político entre o mandatário brasileiro e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Segundo o levantamento do instituto, divulgado na sexta-feira (17), “64% dos brasileiros” reprovam a suposta “demissão” de Mandetta da principal pasta envolvida no combate à pandemia da Covid-19 (novo coronavírus).
Aliás, o uso de aspas no parágrafo acima não é meramente um recurso gráfico. Estão ali com um tom de sarcasmo, mesmo. Primeiro, porque está implícita uma semiverdade na pesquisa, que de forma alguma o DataFolha pode afirmar que ouvir 1.606 pessoas – por telefone – representa a opinião de um país, com uma população de ao menos 200 milhões.
Além disso, a demissão é a versão do ex-ministro, enquanto o presidente afirma que a saída de Mandetta foi um comum acordo. Bolsonaro disse isso sobre a exoneração, em público, logo após o médico político fazer seu pronunciamento de despedida.
Pesquisas com este teor são perigosas e desnecessárias num momento delicado em que se encontra o Brasil frente ao avanço e das incertezas da Covid-19. Tenta, é inegável, minar o início do trabalho do novo ministro da Saúde, um mecanismo que não bate com o ponto crucial do país frente aos desafios socioeconômicos ainda a serem pensados.


