Economia
Especialistas possuem visões distintas sobre otimismo do governo
FOTO: Reprodução/Internet
O governo está convencido de que a economia vai se recuperara da recessão provocada pela pandemia de coronavírus mais rapidamente do que o mercado espera. Por conta disso, prevê uma retração do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 menor do que o projetado pelos especialistas e organismos internacionais.
De acordo com dados do Boletim Macro Fiscal, divulgado ontem (15) pelo Ministério da Economia, a projeção de queda de 4,7% do PIB, feita em maio, não foi alterada. Assim como a projeção de expansão de 3,2% para 2021 também foi mantida.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, demonstrou otimismo com a retomada da economia porque os indicadores antecedentes estão vindo melhor do que o esperado. Ele ainda afirmou que, daqui para a frente, o mercado deve reduzir as estimativas de queda do PIB.
“Abril foi o fundo do poço e, agora, há um movimento de recuperação (da atividade)”, afirmou. Ele citou, como exemplo, a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que, após registrar um tombo de 20% em maio na comparação com o mesmo período do ano passado, vem ganhando fôlego.
Ainda é cedo
Na avaliação de Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, ainda é cedo para o governo ser tão otimista nas projeções do PIB, porque os dados da pandemia, no Brasil e nos Estados Unidos, maior economia do mundo, não param de crescer.
“Já estamos no terceiro trimestre do ano e isso deve significar que ainda teremos forte queda de PIB no ano como um todo. Estamos prevendo recuo de 6,4%, o que é melhor do que a baixa de 7,8% que esperávamos antes. Mas ainda não dá para dizer que o segundo semestre será bom, longe disso”, avaliou.
Confiança
Já Christopher Garman, diretor para América do Eurasia Group, diz que reconhece que há muita discrepância entre as previsões dos organismos internacionais e do governo. “Os economistas estrangeiros estão muito mais pessimistas com o Brasil do que o governo, e até mesmo do que os economistas brasileiros. Pode ser que estejam exagerando um pouco, porque a mediana do Focus está em 6% de queda”, disse.
Contudo, Garman admitiu que as notícias sobre como o governo Bolsonaro está enfrentando a pandemia não são positivas e isso tem influenciado nas avaliações dos estrangeiros. “É possível, também, que eles tenham subestimado o impacto do pacote de socorro do governo na economia.”
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