Governo atribui à diplomacia o fornecimento de fertilizante para o Brasil

Luís Rangel afirmou que, só da Rússia, importações cresceram em 70% no primeiro trimestre

Por Da Redação
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Governo atribui à diplomacia o fornecimento de fertilizante para o Brasil

Foto: Wenderson Araújo/CNA

Em audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados na terça-feira (28), o diretor de programa da secretaria executiva do Ministério da Agricultura, Luís Rangel, atribuiu à diplomacia o atual quadro de normalidade no abastecimento de fertilizantes no Brasil.  

A região que abriga as maiores reservas de insumos para o produto, na Rússia e Ucrânia, está em guerra desde fevereiro. Rangel foi um dos convidados para participar do debate sobre a instabilidade internacional no fornecimento de fertilizantes diante do conflito.

Segundo o diretor, um dos primeiros passos do governo foi direcionar o trabalho da diplomacia para a questão dos insumos e fertilizantes. "Deixou de agir na promoção do nosso agronegócio lá fora para garantir o abastecimento dos insumos que vinham de fora para dentro. Só da Rússia, nós aumentamos as importações em 70% no primeiro trimestre”, afirmou.

O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, elogiou a ação e ressaltou a “acanhada” produção doméstica e a grande dependência do País em nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) importados. Dados da CNA apontam a Rússia (22,9%), China (12,6%), Canadá (10,3%) e Belarus (5,4%) como as principais fontes dos fertilizantes usados no Brasil.

Ainda assim, Rangel mantém o alerta sobre os reflexos da guerra na safra agrícola do hemisfério norte e nos preços internacionais dos insumos. “O sinal é amarelo. Apesar de todos os esforços, o preço dos fertilizantes disparou e isso foi dramático para o que chamamos de custo variável de produção”, disse.

Com a alta nos preços, o papel dos fertilizantes subiu de 30% para até 43% nos custos de algumas lavouras. O deputado Bosco Costa (PL-SE), responsável por organizar a audiência, apontou que “a gente sabe que o agro vem dando grande contribuição ao PIB do Brasil, mas como 23% dos insumos dos fertilizantes vêm da Rússia, a guerra está prejudicando muito o setor”.

Dependência
O governo e CNA defenderam ainda, como solução, a aprovação de propostas que tratam do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (PL 3507/21) e da regulamentação dos bioinsumos (PL 658/21), ambas em análise na Câmara. O presidente do Comitê Gestor de Nutrientes da Embrapa, Vinícius Benites, no entanto, aponta não enxergar solução imediata.

“O Brasil depende e dependerá, por muito tempo, da importação de fertilizantes. O problema dos fertilizantes no Brasil é estrutural, geológico: as nossas fontes de fósforo e potássio não são suficientes para suprir a nossa demanda”, disse.

Segundo Benites, o Brasil pode aproveitar a crise para investir em novas tecnologias, algumas delas já em análise na Rede FertBrasil, como redução da quantidade de adubação, aproveitamento de pastagens degradadas (sistema de integração lavoura-pecuária), nutrientes organominerais e o uso de resíduos orgânicos. “O que existe de potássio em dejetos de suínos e aves é mais do que a (atual) produção nacional de potássio”.

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