Incômoda indiferença

Por Da Redação
Ás

Incômoda indiferença

Foto: Reprodução

Algo muito errado assombra a sociedade brasileira que, diante do gravíssimo caso da tentativa – milimetricamente neutralizada pelas polícias do Rio de Janeiro – do sequestro de um ônibus parado na Ponte Rio-Niterói, com 37 reféns, trocou a tensão e sobriedade exigida no momento pela espetacularização e descaso.

Da venda de coxinhas no entorno do local onde acontecia a ação, pessoas brincando de bola e soltando pipa, além de centenas de celulares levantados para capturar sabe-se lá o que de uma tentativa de sequestro com vidas até então em eminente risco, tudo parecia uma grande onda de marasmo, como se o que estivesse diante deles fosse simplesmente um grande engarrafamento. É uma incômoda indiferença que sugere a falta de empatia pela vida alheia.

Some-se isso à vergonhosa comemoração do governador Wilson Witzel, que armou uma triunfal aparição de helicóptero no local, 45 minutos após o sequestrador – um jovem de 20 anos identificado como Willian Augusto da Silva - ser abatido por um sniper com seis tiros (na perna esquerda, no antebraço direito e no braço esquerdo e os outros no tórax).

Espera-se de um político um comportamento sóbrio e respeitoso, nunca espalhafatoso e patético como o de Witzel, que dá contornos perigosos ao debate sobre o ocorrido. Nenhuma vida perdida ou a tensão humana devem ser celebradas.

Vale tanto ao governador como ao público (quase plateia) ao redor da quase tragédia – nenhum refém se feriu, apesar da morte do rapaz dentro da ambulância, antes de chegar ao hospital: um sequestro desta dimensão requer análises profundas, compreender que um ato praticamente suicida como este pode ser a consequência final de toda uma trajetória de vida, transtornos mentais ou psicológicos, desequilíbrio mental, enfim, fatores que ninguém, no calor do momento, seria capaz de julgar. 

A barbárie, ontem, também rondou o entorno do ônibus na Ponte Rio-Niterói.

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