Investimento estrangeiro tem queda de 48% no 1º semestre do ano

Aplicações tem se concentrado em atividades do setor primário, como petróleo e gás

Por Da Redação
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Investimento estrangeiro tem queda de 48% no 1º semestre do ano

Foto: Reprodução/ Agência Brasil

A entrada de investimento estrangeiro no Brasil registrou uma queda de 48% no primeiro semestre deste ano, segundo o relatório divulgado no final de outubro pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Esse valor tem se concentrado em atividades do setor primário, a exemplo de petróleo e gás, em detrimento da manufatura, de acordo com a Sociedade Brasileira de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).  

Por outro lado, dados do Banco Central apontam que essa queda no investimento na indústria não é recente e que de 2011 a 2019, os investimentos externos diretos no setor de agricultura, pecuária e mineração cresceram 27,4%, porém, nesse mesmo período, houve uma queda de 63% nos aportes para indústria. 

De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, há cinco fatores essenciais para que a indústria volte a atrair investimento estrangeiro em 2021. Confira: 

1. Recuperação da economia brasileira
De acordo com o Banco Mundial, Brasil deve fechar este ano com um uma queda de 5,4% no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2021, a expectativa é de crescimento de 3%. Para Luiz Afonso Lima, presidente da Sobeet, a recuperação do investimento externo será gradual no ano que vem e deve acompanhar o crescimento da economia. "Só devemos ter mesmo nível de investimento em 2022", analisou.

2. Avanço de privatizações no Brasil
Privatizações costumam puxar investimento estrangeiro. Por este motivo, Lima destaca a necessidade de avanço de privatizações estudadas pelo governo, como a da Eletrobras e dos Correios. "Em outras economias não há tanto potencial de crescimento como aqui. Temos carência de quase tudo e, por isso, há chance de crescimento contínuo por muito mais tempo", disse.

3. Mudança política nos EUA
Governos republicanos, como o de Donald Trump, são mais protecionistas. Os democratas, como Barack Obama e o presidente eleito, Joe Biden, costumam colaborar mais com países aliados. Na média, os republicanos investem 3,7% do PIB no exterior. Os democratas, por sua vez, investem quase o dobro, aponta levantamento da Unctad.

4. Equilíbrio cambial
Com a forte perda do valor em relação ao dólar, o real tem este ano o pior desempenho entre as 30 moedas mais negociadas do mundo. Para indústrias que dependem de produtos importados, a desvalorização da moeda representa custos mais altos. "Quando se trata da produção industrial, o desafio é que as importações ficam mais caras. Por outro lado, o mercado doméstico é beneficiado pelas exportações", ponderou Paloma Anós Casero, diretora do Banco Mundial para o Brasil.

5. Digitalização do setor
Para atrair recursos externos, as indústrias do país precisam investir em tecnologia e se transformar, destacou a Sobeet. "Com a pandemia, a indústria perdeu espaço para setores tradicionais que se digitalizaram [alimentação e varejo] para atender a necessidade do consumidor que não podia sair de casa", explicou Lima, citando como exemplo a indústria automotiva.

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