Memória e sociedade
Qual a sua primeira memória? Confira no texto de Erick Tedesco
Qual a sua primeira memória? Uma pessoa, um lugar, ou mesmo algo que não sabe se existiu? A memória é uma ilha de edição, disse o poeta Wally Salomão, para o que vivemos e sonhamos. São lembranças, histórias e signos da existência humana, que por algum motivo são guardadas.
A memória se perpetua no tempo. Antes da invenção da escrita, a sociedade tinha apenas a memória ora, transmitida verbalmente de geração para geração, enriquecida pelo imaginário dos relatores, legitimada pelo saber dos mais velhos, enfim, era um conhecimento adquirido de lendas, rituais.
Neste processo da oralidade, na transição da memória oral para as primeiras memórias que enfim foram redigidas à posteridade, houve o desprezo quanto à veracidade dos fatos. Não haviam registros, por isso a dificuldade das provas. Er a tenue linha entre realidade e imaginação e o começo da História enquanto uma disciplina e um saber.
O grego Heródoto, o pai da História, é um divisor de águas no que diz respeito à memória. Foi o autor da história da invasão persa da Grécia nos princípios do século V a.C., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto. Esta obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada.
Foi somente por meio de seus relatos que podemos ter informações precisas sobre a Antiguidade. Heródoto desenvolveu os meios pelos quais nós, do mundo ocidental, podemos saber e avaliar a história e seus momentos mais importantes. Foi, ainda, pelo que se tem relatos, o primeiro homem a tentar um estudo ordenado e objetivo das inter-relações entre os eventos históricos.
Ao teorizar sobre a História, ele aplicou a tradicional ideia grega da moderação, ou meio termo, segundo a qual o equilíbrio é desejável, e o excesso e o desequilíbrio são a receita para o desastre.
Afinal, preservar o passado é preciso. Memória oral, assim como a escrita, é fundamental para a identificação de um povo.