Metade dos pacientes do SUS tratam câncer em outras cidades, aponta Fiocruz
Pessoas precisam deixar os municípios de residência para receber assistência especializada

Foto: Agência Brasil
Em estudo divulgado nesta sexta-feira (04) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou que ao menos metade dos brasileiros em tratamento contra câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) tratam a doença em outros municípios. Segundo a entidade, os enfermos precisam deixar os municípios em que moram para receber assistência especializada.
Ao todo, foram analisados 12.751.728 procedimentos − cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos − ao longo de dois períodos: 2009-2010 e 2017-2018, para dimensionar o acesso ao tratamento. Segundo a coordenadora do projeto à Agência Brasil, a pesquisadora Bruna Fonseca, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz, não houve melhora na comparação dos dois períodos.
Segundo o estudo, entre 49% e 60% dos pacientes deixam as cidades em que residem para realizar o tratamento, sendo os deslocamentos maiores nas regiões Norte e Centro-Oeste. Além disso, dependendo do tipo de tratamento, os pacientes dessas regiões chegam a percorrer uma média de 296 a 870 quilômetros. Já no Sul e no Sudeste, as distâncias médias variam entre 90 e 134 quilômetros.
Os polos de atendimento estão concentrados nas regiões Nordeste e Sudeste. No Amapá e em Roraima, a maioria dos pacientes que necessitam de tratamento radioterápico precisam percorrer uma média de mais de 2 mil quilômetros.
"Ainda que o Norte do Brasil tenha uma densidade populacional menor, a possibilidade de estabelecer novos centros de tratamento de câncer na região, sem dúvida, melhoraria o acesso de uma população que vive nos estados do Acre, Amazonas, Amapá e Roraima, onde pacientes com câncer precisam viajar mais de 1 mil quilômetros para receber diferentes tipos de tratamento", afirma trecho da pesquisa.
A cidade de Barretos, em São Paulo, foi o principal pólo de atração para todos os tipos de tratamento ao longo do tempo, tendo 95% dos pacientes que fazem cirurgia, radioterapia ou quimioterapia no município de outras cidades.