Motta deve debater fim do foro privilegiado com líderes após motim bolsonarista na Câmara
Apesar de esforços de aliados bolsonaristas nos avanços da PEC, líderes avaliam que medida não provocará qualquer mudança no julgamento de Bolsonaro

Foto: Reprodução/Saulo Cruz/Agência Senado
Após a desocupação da Câmara, na terça-feira (5), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, deve debater em nova reunião com líderes, na próxima semana, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que prevê o fim do foro privilegiado, uma demanda da lista de prioridades dos bolsonaristas.
A decisão em avançar com as tramitações da PEC, por parte de Motta, se deu após uma negociação com protestantes que impediam o exercício das atividades na Câmara em um movimento contra a prisão domiciliar de Jair Messias Bolsonaro (PL).
Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), Motta garantiu aos parlamentares que caso houvesse a desocupação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, a PEC poderia ser levada a votação, desde que haja apoio suficiente entre os líderes da Casa.
Os debates sobre o tema têm apoio de líderes de partidos de Centro, como o PP e o União Brasil. Apoiadores de Bolsonaro defendem o fim do foro privilegiado, pois, com o fim do foro, a maioria das autoridades, passariam a ser julgadas pela justiça comum, na primeira instância.
Os apoiadores de Bolsonaro argumentam que a justiça de primeira instância seria menos politizada e os juízes teriam menos pressão do que os ministros do Supremo Tibunal Federal (STF).
O projeto mais avançado sobre o fim do foro, aprovado no Senado em 2017, ainda prevê que seja preservado o foro no Supremo apenas para o presidente da República, o vice e os chefes de Câmara, Senado e do próprio STF.
Embora o texto possa ser votado com antecedência, líderes avaliam que não haverá tempo hábil de provocar qualquer mudança no julgamento de Bolsonaro. Enquanto oposicionaistas defendem que o acordo deve dar andamento aos processos da anistia. Líderes de partidos de centro negam que Motta tenha dado o aval.
Sóstenes ainda afirmou que confia na votação da PEC que restringe o foro e na anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.