O uso político da Amazônia não é exclusivamente uma tacada daquelas nações ou governantes que revivem a ideia da internacionalização da região, como recentemente sugeriu num equivocado contexto o presidente francês, Emmanuel Macron. O senador Randolfe Rodriges (Rede), líder da Minoria na Câmara Alta do Congresso, demonstrou ontem que a oposição, ou ao menos parte dela, continua firme com sua obstrução sistemática em qualquer que seja o assunto e motivo, inclusive o de solucionar a crise do desmatamento e queimadas na floresta.

A CPI da Amazônia, que deve ser instaurada ainda essa semana, já que o citado senador conseguiu ao menos 30 assinaturas (três a mais do que o necessário) para movimentá-la, é um verdadeiro jabuti, no amplo sentido do jargão legislativo: torna leviano um assunto gravíssimo ao Brasil com questionamentos nada fáceis de responder, com o imediatismo que querem, além de sugerir investigações um tanto quanto tendenciosas.

“Os motivos que levaram o governo a perder os recursos que a Alemanha e a Noruega destinavam ao Fundo Amazônia” é um dos pontos que a CPI instaurada pretende apurar. É um claro ataque ao presidente Jair Bolsonaro, apenas travestido de política obstrucionista. Também, claro, fala em apurar o desmatamento e as queimadas na região, o que já é realizado – e a partir de especialista, inclusive in loco – a pedido do próprio governo.

Aqui cabe perfeitamente o dito popular ‘muito ajuda quem menos atrapalha’. Randolfe requenta famigeradas suspeitas e dados sobre o desmatamento e as queimadas para chamar os holofotes ao Congresso. Nada mais. Esta crise deve ser solucionada com a contribuição de todos os poderes, em sintonia, e qualquer tentativa de chamar a responsabilidade para si, ou se postar como aurato da justiça, é obstrução.