Sensibilidade seletiva

Por Editorial
Às

Sensibilidade seletiva

Foto: Reprodução

O recente entrevero entre Brasil e França, provocado por uma irresponsável montagem de um usuário qualquer na rede social, em que comparava a beleza entre as respectivas primeiras-damas, evidencia uma sociedade enferma, com ânimos aflorados ao extremo e sensível ao mínimo detalhe.

Sejamos sensatos: foi um episódio que poderia ser descartado, lido como provocação infantiloide e, assim, evitando uma série de vergonhas e descalabros entre as nações e seus povos ditos “politizados”. Entretanto, o recado serve para todos e o comentário da rede social pela conta do presidente Jair Bolsonaro também poderia ser evitado.

O fato é que o caso das primeiras-damas reverbera dois pesos e duas medidas da sociedade brasileira que está ávida em, unicamente e sob todas as circunstâncias, defender um lado e atacar o outro.

A comoção do brasileiro pela ofensa à francesa Brigitte Macron, que na citada pejorativa publicação teve sua estética desqualificada diante da de Michelle Bolsonaro, é, no entanto, uma sensibilidade jamais expressada diante de um drama complexo e familiar da primeira-dama brasileira em relação aos familiares – avó, mãe e um tio – com problemas com a Justiça e polícia.

Do caos à calmaria. A irresponsabilidade de um internauta, provavelmente que faz tudo por uma piada, aprofundou uma crise já em eminência entre Brasil e França e ainda despertou a ira de muitos – com razão. Mas também escancarou a sensibilidade seletiva: Michelle também, há menos de um mês, fora terrivelmente exposta a uma vergonha que não lhe cabia e nenhuma mea-culpa foi vista, diferente da comoção perante Macron.

Ataques preconceituosos e desrespeitosos à primeira-dama, para claramente atingir o presidente Bolsonaro, são igualmente condenáveis e desnecessários. São tão irresponsáveis quanto à montagem que causou e potencializou o alvoroço entre os países. 

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