Alçado à reflexão popular no último 12 de junho, o Dia Mundial de combate ao trabalho infantil ainda carrega mais pesadores do que afagos. Não diferente de outros anos, o número estimado de crianças que são exploradas no Brasil chega perto de 2,5 milhões. Da vulnerabilidade social aos maus tratos, a realidade é perversa e carregada de prejuízos de curto a longo prazo na vida destes pequenos cidadãos.

A mensagem neste dia, no entanto, é a mesma, com a mesma veemência de sempre: não existem poréns no trabalho infantil, e isso implica em desconstruir velhos conceitos, ou melhor, derrubar falso saudosismo de que, em “décadas atrás”, trabalhava-se desde muito novo e os alertas da atualidade quanto a isso são exagerados. Desnecessário explanar à exaustão que a história nos ensina a relativizar e contextualizar o objetivo de estudo a partir do momento atual.

A realidade está escancarada na cara da sociedade. Crianças em semáforos vendendo doces e pedindo para limpar vidros em troca de moedas, ou mesmo nas ruas, junto ou separados das mães, tentando ganhar algum dinheiro a partir de atividades a esmo, sem perspectivas, mas principalmente sem a necessária infância.

Por certo é de se levar em conta, também, que o desemprego em massa e a degradação das condições de vida para as camadas mais pobres do país são indícios de uma necessidade vital, cuja consequência é a família toda na rua, inclusive crianças, para literalmente ganhar o pão.

Portanto, pleitear e exigir políticas públicas para os mais necessitados não é assistencialismo barato, é compaixão. É uma sensibilidade que deseja crianças nas escolas, envolvidas com a educação formal para devolver um senso de prospecção futura, e que ao mesmo tempo brinque, faça amizades e idealizem, entre crianças, um mundo imaginário para, lá pra frente, enfrentar a rígida vida adulta.