Necropsia de Adriano da Nóbrega contradiz depoimento de PMs da Bahia
Perícia indica que uma das balas atingiu o ex-capitão do Bope deitado

Foto: Reprodução/TV Globo
Laudos de duas necropsias no corpo do miliciano Adriano da Nóbrega, que foi morto em uma ação policial em fevereiro do ano passado, contradizem a versão da polícia. De acordo com as perícias divulgadas pelo Fantástico no último domingo (28), uma bala o atingiu deitado, e não em confronto. Após a contradição, o Ministério Público da Bahia pediu mais informações.
Uma força-tarefa com 70 homens foi mobilizada no cerco ao capitão, mas somente três PMs conseguiram localizá-lo, no dia 9 de fevereiro. De acordo com o depoimento desses três policiais, eles deram voz de prisão contra o ex-capitão da varanda. Como Adriano não respondeu, forçaram a porta. Após arrombar a porta, Adriano disparou sete vezes, mas não acertou ninguém. Na mesma hora, dois dos três PMs revidaram, com um tiro cada um, os dois atingiram o miliciano.
A necropsia feita no Rio de Janeiro trouxe detalhes desses tiros que mataram Adriano. Um projétil, segundo o laudo, parece ter vindo rente ao chão. Uma das balas entrou pela cintura, do lado esquerdo, saiu pela clavícula e entrou novamente no corpo de Adriano, alojando-se no pescoço.
“É um tiro absolutamente em que a vítima provavelmente já estava deitada. Isso precisa ser esclarecido. Esse tiro deveria entrar e sair numa posição paralela ao solo”, diz o perito Nelson Massini. Outro dado do laudo é a falta de vestígios de pólvora nas mãos do miliciano, apesar de, segundo os PMs, Adriano ter atirado sete vezes. A necropsia apontou ainda as lesões na região da cabeça de Adriano que, segundo Massini, destaca que os ferimentos foram feitos enquanto o miliciano ainda estava vivo.
O Fantástico mostrou ainda como, segundo o Ministério Público do Rio, a quadrilha do miliciano se organizava, quanto faturava e como continuava tocando seus negócios criminosos mesmo depois da morte do ex-capitão do Bope.
A investigação gerou uma operação para prender nove integrantes do bando. O principal alvo era a viúva dele, Júlia Lotufo, chefe da organização. Até o momento, ela ainda está foragida. Júlia fazia a contabilidade da quadrilha do marido, que chegou a ter lucro de quase R$ 2 milhões por mês. Mas com a morte de Adriano, a fonte foi secando.
Novos Questionamentos
Em nota, a Secretaria de Segurança da Bahia disse que não recebeu os novos questionamentos feitos pelo Ministério Público do estado. O MP da Bahia, também em nota, reiterou que já enviou as perguntas sobre o laudo de necrópsia.