“Nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo”, diz OMS ao rebater declaração de Bolsonaro
Presidente minimizou gravidade da Ômicron ao dizer que "não tem matado ninguém"

Foto: Reprodução/OMS
O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta quarta-feira (12), que a nova variante do coronavírus, a Ômicron, é bem-vinda no Brasil. Horas após o comentário de Bolsonaro, o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, rebateu a declaração do presidente durante a conferência semanal da entidade sobre a Covid-19.
“Nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo, especialmente quando há indivíduos sofrendo”, afirmou Ryan ao responder sobre a fala do chefe do executivo brasileiro.
O diretor salientou que, mesmo as primeiras evidências mostrando que a nova cepa está provocando sintomas leves na maioria dos pacientes, há muitas pessoas ao redor do mundo em hospitais, precisando do suporte de ventilação mecânica.
“É uma doença que pode ser prevenida por vacinas. É muito importante que lembremos que a pandemia ainda está nos nossas mãos. Há muito o que podemos fazer e não é hora de desistir. Não é hora de ceder. Não é hora de declarar que este é um vírus bem-vindo”, completou Ryan.
“Vírus bem-vindo”
Durante entrevista concedida nesta quarta-feira (12) a um canal apoiador do governo, o presidente afirmou que a variante “não tem matado ninguém”, menosprezando o aumento de casos de Covid-19 no país.
“A Ômicron não tem matado ninguém. O que morreu aqui em Goiás não foi de Ômicron. Na verdade, foi ‘com Ômicron’, não foi ‘de Ômicron’. Ele já tinha problemas seríssimos, em especial nos pulmões. Acabou falecendo”, disse.
“As próprias pessoas que entendem de verdade dizem que ela tem uma capacidade de se propagar muito grande, mas de letalidade muito pequena. Dizem até que seria um vírus vacinal. A Ômicron é bem-vinda e pode sinalizar o fim da pandemia”, completou Bolsonaro.


