O delírio do AI-5
Confira o nosso editorial desta segunda-feira (20)

Foto: Reprodução
No domingo, o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com um grupo de manifestantes que desfilava em carreata por Brasília contra a política de isolamento social. Este é o fato que, distorcido por parte da imprensa, se transformou em ato à favor do AI-5 e contra a democracia.
O rápido discurso do mandatário brasileiro de ontem, devidamente registrado em vídeo e que rapidamente viralizou pelas redes sociais, comprova a falácia que mantém o país politicamente polarizado: é inconsequente a tentativa de relacionar o presidente ao delírio do retorno de um enterrado e impensável Ato Institucional nº 5.
O AI-5 suspendeu por dez anos uma série de direitos democráticos e foi o instrumento mais severo do regime militar. Tragicamente, ainda ronda o imaginário de uma pequena parcela da população, provavelmente por puro desconhecimento do seu significado, num antidemocrático sentimento de que o presidente deve fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e, supostamente, ‘calar’ a oposição.
Pedir o AI-5 neste momento é um tanto contraditório: querem o direito de fazer manifestações e brandar insatisfação diante de político, mas, ao mesmo tempo, pedem a reedição de um documento que desmantelou completamente a ordem jurídica constitucional, revogando direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.
A volta dom autoritarismo desejado por parte das ruas é o que se deve ser combatido. Colocar o governo federal no epicentro desta retórica agressiva é manter o Brasil enfraquecido na luta contra a disseminação e infortúnios do novo coronavírus.


