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Outubro Rosa: prevenção e diagnóstico precoce podem contribuir no tratamento do câncer de mama

Autoexame é importante para que as mulheres conheçam o seu corpo e identifiquem supostos nódulos

Por Emilly Lima
Às

Outubro Rosa: prevenção e diagnóstico precoce podem contribuir no tratamento do câncer de mama

Foto: Reprodução

O ano era 2017 e Maria Célia, na época com 46 anos, tinha acabado de chegar em casa, após ter ido se exercitar na academia como de costume. Foi a partir desse dia que todos os outros foram diferentes, quando descobriu a presença de um caroço em uma das suas mamas. No dia seguinte, por ter achado estranho, passou pelo exame de ultrassonografia mamária e mamografia e recebeu a confirmação do câncer na região. 

"[Após a descoberta] fui encaminhada para o mastologista. Quando eu cheguei lá, o médico sugeriu uma punção [procedimento realizado para diagnosticar do que é constituída uma lesão na mama]", conta ao Farol da Bahia ao explicar que fez a primeira cirurgia e na sequência a quimioterapia e radioterapia. Maria Célia, hoje com 52 anos, diz que sempre teve uma vida ativa, com atividades físicas, alimentação saudável e equilibrada, o que a fez se questionar o motivo da presença do câncer. 

"Quando eu soube, o meu chão se abriu. Não tem ser humano que encare isso com naturalidade. Eu fiquei muito triste porque sempre fui muito ativa e me perguntei o motivo de tudo estar acontecendo comigo. Eu chorei nos dois primeiros dias, mas depois entreguei a Deus porque da minha vontade Ele já sabia que eu queria viver. Ou você reage para sobreviver, ou você morre", destaca à reportagem.

Contudo, além dos fatores relacionados ao comportamento e genéticos, os aspectos hormonais também são considerados causas para o câncer de mama. "Eu sempre fui uma pessoa ativa, sempre fiz atividades físicas, tenho boa alimentação. Mas o meu caso foi desenvolvido por fatores hormonais, tanto que tem alguns tipos de alimentos que eu não posso consumir, como soja, por exemplo", explica. 

Depois de descobrir o primeiro câncer e tratar, Maria Célia, que é paciente do Hospital da Mulher, em Salvador, passou pelo mesmo processo outras duas vezes, sendo a mais recente neste ano. A segunda vez foi em meio à pandemia, quando percebeu o nódulo no mesmo local em que havia feito a cirurgia, além de observar um escurecimento da mama. Assim como fez na primeira, realizou mastectomia e quimioterapia. 

Neste ano, ela descobriu, mais uma vez, outro nódulo no lugar da cicatriz das outras cirurgias e já iniciou o tratamento, desta vez com quimioterapia oral. "A última apareceu agora, nos últimos meses. Eu percebi um carocinho no lugar da cicatriz e estava me incomodando. Eu mostrei a minha mastologista e ela sugeriu uma punção e nesse exame apontou que eu estava com outro câncer na mesma mama. Agora estou fazendo quimioterapia oral. São 14 dias de quimio, cinco de descanso, depois eu retorno e continuo o tratamento", diz. 

De acordo com o Dr. Dyego Nunes, oncologista do Hospital da Mulher, é comprovado que as mulheres que fazem atividade física têm uma redução significativa do risco de ter câncer e, em específico o de mama. "Fazer atividade física, ter uma alimentação saudável, baixo teor de gordura, principalmente as gorduras saturadas, você consegue reduzir a chance de ter câncer de mama", pontua. 

Contudo, também há outros fatores que podem estar associados ao risco do câncer de mama. "Quando a mulher tem filhos, especialmente quando ela engravida antes dos 35 anos, é um fator protetor para o câncer de mama. No aleitamento materno, quanto mais a mulher amamenta menor o risco de ter câncer de mama. E além do sedentarismo e da alimentação, existe também o fator da exposição hormonal", acrescenta. 

"Hoje sabemos que muitas mulheres utilizam reposição hormonal em doses mais elevadas. Essas pacientes precisam fazer um acompanhamento médico porque altas doses de hormônio podem estar associadas com o aumento de risco de câncer de mama. Especialmente para aquelas mulheres que já têm histórico familiar de câncer", completa.

Prevenção e diagnóstico

Conhecido por ser um movimento internacional de conscientização para detecção precoce e diagnóstico do câncer de mama, o Outubro Rosa tem o objetivo de compartilhar informações sobre a doença e contribuir com a redução da incidência e mortes. Segundo o Dr. Dyego à reportagem, é importante incentivar as campanhas de rastreamento do câncer porque o ideal é realizar o diagnóstico da doença ainda no início, quando a mulher não sente nenhum tipo de sintoma. 

"O ideal é que os cânceres de mama sejam detectados da forma mais precoce possível. Então, por isso que a gente sempre incentiva as campanhas de rastreamento. Rastreamento do câncer é quando a gente faz um exame que detecta o câncer antes que ele tenha sintoma. É importante que a paciente faça a mamografia para detectar o câncer tão pequeno que a mulher nem sinta nada, esse é o cenário ideal. O rastreamento é feito através da mamografia, que é o exame que faz uma radiografia da mama e ele consegue detectar e, às vezes, fazer pequenas calcificações de nódulos muito pequenos", explica o médico. 

É a partir do diagnóstico que a paciente é encaminhada aos profissionais especializados, no qual vão determinar qual será a melhor estratégia de tratamento. "Na maioria das vezes o tratamento inicial é com cirurgia, a depender do caso, do tamanho, do tipo do câncer. Às vezes nós precisamos fazer quimioterapia antes de fazer a cirurgia".

A doença tem maior probabilidade de acometer mulheres acima dos 50 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), mas há muita incidência entre mulheres mais jovens, antes dos 35 anos. Questionado sobre o possível motivo para esses casos, o doutor pontua que ainda não há estudos que comprovem, mas a mudança no estilo de vida está atrelado à razão. 

"A gente tem visto um pico de incidência do câncer de mama. Ele começa nos 50 anos e sabemos que quanto maior a idade da mulher, maior o risco de ela ter câncer de mama. Mas a gente observa casos mais jovens. Eu tenho pacientes aqui no hospital com 25 anos. Não existe exatamente ainda uma uma justificativa que seja universalmente aceito, mas o que a gente tem visto, comparando com o nosso passado, é algumas mudanças no estilo de vida. As pessoas têm feito menos atividade física, tem a questão do padrão da alimentação, isso tem feito com que mais pessoas tenham câncer de mama, ainda mais jovem. E é importante salientar que quanto mais jovem é a mulher a ter o diagnóstico de câncer, maior o risco dela ter alguma alteração genética hereditária que favoreça ter câncer de mama", explica. 

O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia seja feita em mulheres entre 50 e 69 anos, mas a SBM orienta que o exame seja feito já a partir dos 40 anos, todos os anos. Contudo, mulheres com idades abaixo dos 40 não podem fazer o exame e, neste caso, a ultrassonografia mamária é a opção mais indicada. 

"A mamografia da mulher muito jovem, ela realmente acaba não tendo uma boa acurácia. A mama da mulher mais jovem tem menos gordura, é mais densa e a mamografia realmente não funciona. A mamografia de rastreamento a partir dos 50 já está consagrada e algumas entidades, não há um certo consenso sobre isso, recomendam fazer a partir dos 40 a 50 anos. Outros somente a partir dos 50 anos", esclarece.

Foi como aconteceu com a jornalista Carinina Dourado, de 37 anos, que descobriu o câncer aos 36 anos, em agosto de 2022. Por não estar na faixa etária para fazer a mamografia, ela teve o diagnóstico através da ultrassonografia mamária e exames complementares. A confirmação veio após ela se alongar em casa, durante uma faxina, e perceber a presença de um caroço na região entre a mama e o tórax. 

"Eu dei uma espreguiçada normal, levantei os braços e percebi que tinha alguma coisa estranha na região do meu tórax e peito. E pensei: isso não pertence a esse lugar. Aí eu olhei o outro lado e não tinha nada. Até o meu exame de ultrassonografia estava ok, eu tinha acabado de passar pela ginecologista. Mas, me deu o estalo e marquei consulta com a ginecologista, só que coincidiu de ser São João, feriado e tudo mais e eu acabei cancelando", começa.

"Depois de um tempo, estava fazendo faxina em casa e fiz novamente um alongamento e foi quando percebi que o caroço estava maior. Aí eu fiquei nervosa e no outro dia procurei um mastologista e expliquei que estava sentindo um nódulo", acrescenta em entrevista ao Farol da Bahia

"Foi o momento mais tenso que vivi porque foi aquela coisa de não ter havido um preparo de estar investigando algo. Foi pá pum. Eu fiquei em estado de choque porque até então os meus exames estavam ok", completa. 

Importância do autoexame 

O câncer de mama, na maioria dos casos, é descoberto devido ao autoexame feito pelas próprias mulheres, por meio do toque das mamas. Segundo o oncologista Dr. Dyego Nunes, é muito importante que as mulheres conheçam o seu corpo porque facilita na identificação de algo quando não está certo. 

"O que elas podem fazer, além das medidas de prevenção primária, como atividade física, o cuidado com a alimentação, é não fumar, ter moderação no consumo de bebida alcoólica, ter conhecimento do seu histórico familiar, avaliação com o médico ginecologista e mastologista anualmente. E claro, que a mulher conheça o seu próprio corpo. Quando a mulher olha para a sua mama e sente, ela consegue diagnosticar ao notar o surgimento de alguma alteração na forma mais precoce e procurar ajuda médica", sugere.

"Os sinais do câncer de mama são variáveis, mas os principais são: surgimento de nódulos na mama ou axila, retração da pele da mama, cor da mama, presença de alguma secreção nos mamilos e dor constante nas mamas, são sinais que podem levar a gente a pensar que pode ter o surgimento de um câncer. Por isso eu acho que a mulher tem que se autoconhecer e olhar para as duas mamas, compará-las e ver se o que apareceu em uma tem na outra. Pode acontecer, mas é muito raro um câncer aparecer nas duas mamas", completa. 

Como fazer o autoexame nas mamas?

1. De pé, pressione as mamas com as pontas dos dedos em frente ao espelho, primeiro com um dos braços voltado para baixo, sempre observando os seios. Logo após, repita os toques agora com uma das  mãos na cintura. E por fim, com uma das mãos atrás da cabeça, qualquer anormalidade como rugosidade, saliências ou depressões na região das mamas, deve ser notada durante o auto-exame. Após isso, pressione os mamilos apertando-o levemente, note se há algum fluxo de líquido ou se ele está voltado para dentro, essa pode ser uma característica de que haja o tumor;

2. Com os seios ensaboados, apalpe-os com três dedos de uma das mãos juntos, a mão esquerda deve conferir a mama direita e a mão direita, a mama esquerda. Procure fazer movimentos circulares por todo o seio, em especial na parte superior dele. Apalpe também as axilas e o pescoço procurando algum tipo de secreção, caroço, saliências ou outra alteração consistente;

3. Deite e apoie o braço direito sobre a sua cabeça e utilize a mão esquerda para apalpar a mama direita. Siga apalpando a mama em movimentos circulares levemente. Procure apalpar também as axilas e repita esse processo para apalpar a mama esquerda, apoiando o braço esquerdo e usando a mão direita para efetuar os movimentos.

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