No âmbito da guerra mundial contra o Covid-19 (novo coronavírus), Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), fez um comentário bastante pontual sobre o uso famigerado da palavra pandemia, não raramente usada – equivocadamente – para tentar expressar que uma situação é ruim, mesmo quando nada tem a ver com o que de fato é: enfermidade epidêmica amplamente disseminada. 

Acontece que a analogia às vezes pode funcionar, quando é preciso rebater algo de, como se diz na linguagem popular, “de forma curta e grossa”. Os dois pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados nesta semana, aliás, a semana mais ‘pandemônica’ do Brasil no combate à disseminação do Covid-19, são extremamente fora de tom e levariam o país a um completo colapso geral se fossem acatados pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. 

As palavras de Ghebreyesus, retomando, dão conta de se tentar provocar rupturas drásticas na política nacional em tempos que o inimigo, ainda sem mecanismos concretos para vencê-lo, alastra-se, ceifa vidas, corrói economias (pensando em macro e no microssistemas) e traz incertezas ensurdecedoras. 

“Pandemia não é uma palavra para ser usada à toa ou sem cuidado. É uma palavra que, se usada incorretamente, pode causar um medo irracional ou uma noção injustificada de que a luta terminou, o que leva a sofrimento e mortes desnecessários”. 

Rusgas políticas não cabem no momento. Minar o esforço do governo federal em lidar com uma doença inédita e de estragos avassaladores, sem poder – e isso a oposição bem sabe – dar uma resposta a partir de perspectivas e de se apontar um fim da epidemia, é dar de ombros para o coronavírus e se voltar à politicagem tacanha, mesquinha, praticamente flertando com um crime contra a humanidade e à população brasileira por querer implodir um oneroso processo de troca de comando em meio a uma crise global.