Agosto é o quinto mês da pandemia da covid-19 no Brasil. Ainda em meados de março, quando os casos positivados começaram a aumentar e as pessoas se esforçavam para entender a situação e vislumbrar um futuro a curto prazo sem a doença, um cenário otimista era de um país – e o mundo – mais flexível e saudável a partir de setembro. Notável que esta estimativa, hoje, é improvável, e a humanidade continua em busca de esperanças, notícias animadoras e antídotos. 

Não à toa, sem julgamento algum, muitos se apoiaram em supostas curas ou medicamentos capazes de aplacar o vírus, ou mesmo retardar seu estrago. Do lado da ciência, algumas pesquisas caminham, sem alarde, na busca por resultados que podem funcionar como injeção de ânimo na população. Os meses voam e toda etapa é uma glória a ser, mesmo, comemorada.

Um destes avanços é quanto a três substâncias, já aprovadas para uso contra outras doenças, que apresentam potencial de combate ao vírus SARS-COV-2, causador da covid-19. O estudo é brasileiro, com aporte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)  foi publicado no fim do mês passado na revista Journal of Biomolecular Structure and Dynamics.

O estudo derivou do mestrado de Gabriela Menezes em Ciências Aplicadas à Saúde, na Universidade Federal de Jataí (UFJ). Ela usou métodos in silico (computadorizados) para buscar fármacos que ataquem uma das substâncias mais importantes para a reprodução dos coronavírus, a proteína não estrutural 1 (nsp1). Ausente em seres humanos, esse elemento pode ser um alvo preferencial de novos medicamentos porque remédios contra ele podem ser bem específicos, provocando menos reações adversas no paciente.

A equipe agora faz a triagem de 200 mil moléculas em um banco de dados de compostos naturais com potencial geração de patentes. Não há dúvidas: a ciência vencerá a covid-19, mas como todo processo científico, demanda tempo, dedicação de seres humanos fantásticos e paciência da população que será, sem dúvida, beneficiada com os resultados.