Presença de cubanos no Mais Médicos registra queda nos últimos anos
Atual formato do programa prioriza médicos brasileiros

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A participação cubana no programa Mais Médicos teve uma queda ao longo da última década e atualmente representa somente 10% do total de profissionais ativos na iniciativa, de acordo com publicação do g1, assinada por Kevin Lima.
Criado em 2013, o Mais Médicos sofreu reformulações e ajustes com as mudanças de governo no Brasil e teve que priorizar a seleção de médicos nacionais - formados no país ou no exterior - para o programa.
Os cubanos, que ocuparam mais de 11 mil postos na iniciativa, foram diminuídos a um patamar de aproximadamente 2,7 mil médicos.
A participação dos profissionais do país caribenho no programa sempre foi alvo de divergências políticas.
O Departamento de Estado americano revogou vistos de entrada no EUA de dois funcionários do governo brasileiro ligados ao Mais Médicos e também a participação dos caribenhos na iniciativa.
Os americanos acusam o programa de colaborar com um "esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano".
O programa Mais Médicos foi lançado pelo então governo Dilma Rousseff (PT) e foi mantido, com ajustes e mudanças, pelos três presidentes seguintes depois dela: Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Mais Médicos tem intenção de levar profissionais para regiões em que há escassez ou ausência de médicos. Os selecionados atuam em equipes de saúde da família, responsáveis pelos primeiros atendimentos na rede pública de saúde e por encaminhar os pacientes para outras especialidades.
Na primeira fase da iniciativa, a interiorização dos médicos brasileiros foi um dos principais obstáculos para o Governo Federal. A baixa adesão dos profissionais nascidos no Brasil fez com que a então gestão Dilma buscasse alternativas em outros países, como Cuba.
Em 2015, no segundo ano de programa, a participação cubana registrou o maior número. Foram mais de 60% de profissionais ativos ou 11,4 mil médicos atuantes.
1;067 médicos cubanos trabalham atualmente no Brasil com diplomas revalidados.
A queda de cubanos no Mais Médicos é explicada por duas movimentações que aconteceram nos últimos anos:
O rompimento da parceria por decisão do governo de Cuba;
A aprovação de uma mudança na Lei do Mais Médicos pelo Congresso, que impede repasses indiretos aos profissionais que foram inscritos no programa
A queda também a é reflexo da adoção, por parte do governo, de iniciativas para poder estimular a permanência de médicos em áreas de difícil fixação. Atualmente o programa paga um bônus aos participantes que escolhem ficar por um certo período.
Estrangeiros no Mais Médicos
Cuba não é o único país de origem dos profissionais estrangeiros inscritos no Mais Médicos. No total, o Ministério da Saúde registra 54 nacionalidades diferentes (o número não é consolidado pois algumas se repetem em algumas aparições com escritas diferentes).
Os cubanos comandam a lista, com uma margem elevada. A soma de todos os outros países equivale a menos da metade dos profissionais de Cuba, somente 1 mil médicos.
O ranking tem a Bolívia na liderança, com 188 profissionais ativos no programa. Confira abaixo:
- Venezuela: 82 médicos;
- Paraguai: 55;
- Peru: 42;
- Argentina: 30;
- Colômbia: 27;
- Equador: 13;
- Haiti: 12;
- Uruguai: 12;
- e Cabo Verde: 8.