Presidente da Academia Brasileira de Letras critica condenação de Leo Lins por piadas preconceituosas: "absurdo"
Para Mervel, outras medidas deveriam ser tomadas no lugar da prisão, como proibir a divulgação do material na internet

Foto: Reprodução/YouTube/O Globo | Reprodução/YouTube
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, criticou a condenação do humorista Léo Lins a 8 anos e 3 meses de prisão por piadas preconceituosas. As declarações foram realizadas em entrevista ao Estúdio i, da Globonews.
"Eu acharia mais normal que uma pessoa se sentisse ofendida e entrasse na justiça do que o Estado brasileiro achar que tem obrigação de defender pessoas por causa de uma piada. Isso eu acho absurdo", afirmou o escritor.
Para Merval, outras medidas deveriam ser tomadas no lugar da prisão, como proibir a divulgação do material na internet. "O problema é uma juíza achar que pode botar uma pessoa, um comediante, oito anos na cadeia por causa de piada. Nas democracias mais maduras, isso acontece três por dois, todo dia, em tudo quanto é teatro, em tudo quanto é, não acontece na TV aberta, mas acontece. E ninguém fala nada, ou fala, reclama, processa", prosseguiu.
"O Estado não pode definir o que você pode dizer ou não pode dizer", finalizou Merval.
O humorista Léo Lins foi condenado pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por piadas preconceituosas contra diversas minorias.
Além disso, ele terá que pagar multa equivalente ao valor de 1.170 salários mínimos na época em que as imagens foram divulgadas, em 2022, cerca de R$ 1,4 milhão, e indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.