É bastante pertinente a preocupação dos funcionários do Facebook em relação à decisão, por parte do comando da empresa, de dar sinal verde para que políticos paguem por publicidade de campanha, mesmo sem qualquer tipo de filtro e que, eventualmente, divulgue informação descaradamente falsa. 

O alto escalão do Facebook foi, esta semana, devidamente alertado por um grupo de funcionários por meio de uma carta com diversas argumentações. 

Eles têm razão. Permitir publicidade política livre de checagem é uma arma deveras perigosa, levanto em conta, o que não é segredo algum, a massa de fake news que é disseminada neste campo, para aniquilar o oponente por meio do famigerado – e lamentável – ‘custe o que custar”. Pode, como destacou o grupo de funcionário, dinamitar a credibilidade da rede social. 

Afinal, isso tem a ver com o poder de persuasão das redes sociais. Uma informação que circula num Facebook, para uma enorme parcela de usuários, tem muito mais impacto e comprada como uma verdade do que o que circula em jornais, sites ou qualquer mídia jornalística. 

O texto vai, de forma prudente e louvável, em defesa da ética acima do capital – utópico? “Nós discordamos intensamente desta política”, afirmam os funcionários. Até mesmo a liberdade de expressão, neste belicoso mundo da política, deve respeitar limites e se conter em determinadas questões. A democracia é corroída a cada porta aberta para potencializar a pulverização de notícias falsas como provocação e, principalmente, como tática para se impor diante do outro. 

Mesmo contido (“Permanecemos comprometidos a não censurar a fala política, e seguiremos explorando o que mais pode ser feito para aumentar a transparência na publicidade política”, respondeu o Facebook aos funcionários), isto que se pode chamar de levante é um sinal de alerta quanto estratégicas em que o dinheiro reina absoluto ante a responsabilidade social de um aparato tecnológico outrora saudável - hoje estritamente comercial.