Protestos nos EUA entram no nono dia com diminuição da violência
Apesar da ameaça de Trump de usar o Exército para conter os manifestantes, noite foi aparentemente mais tranquila

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Os protestos motivados pelo assassinato de George Floyd chegam ao nono dia na madrugada desta quarta-feira (3). Dezenas de milhares de pessoas participaram das manifestações em ao menos 140 cidades, desafiando o toque de recolher que havia sido imposto em ao menos 40 delas e as ameaças do presidente Donald Trump de usar força militar para dispersá-los.
George Floyd, um homem negro, foi asfixiado até a morte por um policial branco em Minneapolis, no estado de Minnesota, em 25 de maio.
Centenas de cidades, de grandes metrópoles a outras pequenas, impuseram toques de recolher à noite, que dão direito à polícia prender manifestantes sem aviso prévio. Mas em Nova York, Washington e Los Angeles, por exemplo, centenas de pessoas continuavam nas ruas. Na capital, a senadora e ex-pré-candidata democrata à Casa Branca Elizabeth Warren foi vista em uma marcha no final da tarde usando máscara. Ao jornal Boston Globe, ela disse que Trump estava "impondo a violência ao povo".
Cidades
Em Nova York, a noite foi mais calma, mesmo ultrapassando o horário imposto pelo governo. Além de episódios pontuais de saques, depredação e algumas prisões, houve um impasse entre policiais e manifestantes na entrada da ponte do Brooklyn, que foi eventualmente liberada para que a população pudesse voltar para casa, já que boa parte do transporte público havia sido interrompida. Mais cedo na terça, o governador Andrew Cuomo havia criticado a resposta do prefeito da cidade, o seu rival Bill de Blasio, dizendo que “a polícia de Nova York e o prefeito não fizeram trabalho" no dia anterior.
Na Califórnia, manifestantes ocuparam as ruas de Hollywood com gritos de "Vidas Negras Importam" e "eu não consigo respirar". À noite, a polícia de Los Angeles prendeu centenas de pessoas que desafiaram o toque de recolher. O número, no entanto, foi inferior ao de segunda-feira, dia em que houve mais detenções na História da cidade, após protestos que se transformaram em uma série de de saques, principalmente em Van Nuys e Hollywood.
Já na Filadélfia, no estado da Pensilvânia, centenas de manifestantes protestaram em frente à sede do governo local após o prefeito Jim Kenney defender a utilização de gás lacrimogêneo no dia anterior. Ele também criticou patrulhas cidadãs, mas ativistas criticam o fato de nenhuma prisão ter sido feita após o dono de uma loja de armas atirar, na segunda, contra quatro homens que quebraram a vitrine de sua loja. Um deles morreu. Em Atlanta, na Geórgia, gás lacrimogêneo também foi usado para dispersar os manifestantes.
Uma pesquisa feita pela Reuters/Ipsos verificou que a maioria dos americanos simpatiza com os protestos e reprova a resposta de Trump aos distúrbios. A pesquisa, conduzida entre segunda e terça-feira, concluiu que 64% dos adultos americanos tinham simpatia pelas pessoas que estavam protestando, enquanto 27% disseram que não e 9% não tinham certeza. Mais de 55% dos americanos dizem reprovar a condução de Trump nos protestos, incluindo 40% que disseram reprovar "fortemente", e apenas um terço disse que aprovou.