República e resquícios da Colônia

Por Da Redação
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República e resquícios da Colônia

Foto: Reprodução/Quadro de Benedito Calixto

O escritor americano Mark Twain sintetizou o processo histórico da evolução social em uma única e curta frase: “a história nunca se repete, mas rima”. O crítico norte-americano, conhecido principalmente pelos livros infantis As Aventuras de Tom Sawyer (1876), acreditava que nenhuma ocorrência histórica era solitária, mas uma eterna repetição de algo que já aconteceu antes. 

A ideia é sugestiva para uma sucinta análise neste 15 de novembro sobre a República no Brasil: uma estrutura política de Estado que custa a romper totalmente com círculos viciosos de desigualdades e mazelas enraizadas no Brasil colônia. 

Além disso, passados 130 anos de sua proclamação (um marco histórico controverso e cuja veracidade é distinta daquela romantizada nos livros de História), a República no Brasil custa a ser respeitada como uma forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos.

A lista de interesses da população negligenciados desde 1889, ou melhor, desde 1500, é imensa, sabe-se muito bem e, como bem apontou recentemente o respeitado historiador Murilo de Carvalho,  a democracia ficou até a década de 1940 (sociedade basicamente rural e com poucos direitos) e, provavelmente, a “República extinguiu o privilégio dos Braganças, mas não conseguiu eliminar os privilégios sociais”. 

Não à toa, a pintura que simboliza a Proclamação da República, um óleo sobre tela de Benedito Calixto, de 1983, repete o mesmo erro do quadro ‘oficial’ do 7 de Setembro, intitulado Independência ou Morte (Pedro Américo, de 1895), e que condiz muito com os tempos atuais do Brasil: uma imagem idealizada, povoada apenas pelas instituições dominantes e elites, no caso específico da pintura do 15 de novembro, sem qualquer rastro da população. 

Os princípios mais elementares do liberalismo e do republicanismo, postos ao mundo pelas revoluções norte-americana e francesa e trazidos ao Brasil com um ‘atraso’ de cem anos, ainda custam a ser colocados em prática. Mas, é um problema dos tempos coloniais que mais aflige o país em pleno ano 2019: a incapacidade para efetivar a cidadania política da maioria da população, um desafio imenso para governos junto às sociedades civil e organizada. 

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