Riqueza privada cresce oito vezes mais que a pública nos últimos anos, aponta estudo
Oxfam aponta taxação dos ultrarricos como forma de reverter cenário desigual

Foto: Agência Brasil/Paulo Pinto
O relatório "Do Lucro Privado ao Poder Público: Financiando o Desenvolvimento, Não a Oligarquia", publicado nesta terça-feira (25) pela Oxfam, revela que, enquanto 3,7 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 8,30 por dia (cerca de R$ 45), o 1% mais rico do planeta acumulou mais de US$ 33,9 trilhões (R$ 185 trilhões) desde 2015.
Esse valor seria suficiente para acabar com a pobreza global 22 vezes. Atualmente, apenas 3 mil bilionários concentram US$ 6,5 trilhões (R$ 35,4 trilhões), o que representa 14,6% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Entre 1995 e 2023, a riqueza privada global chegou a US$ 342 trilhões (R$ 1,86 quatrilhão), um aumento oito vezes maior que o da riqueza pública, que no mesmo período cresceu apenas US$ 44 trilhões (cerca de R$ 239,8 trilhões).
O documento também aponta que países ricos estão promovendo cortes severos em ajuda humanitária e ao desenvolvimento. Apenas os países do G7, responsáveis por cerca de 75% da assistência oficial global, planejam reduzir esses repasses em 28% até 2026, em comparação com 2024.
Diante desse cenário, a Oxfam defende uma nova abordagem para o financiamento do desenvolvimento, com foco na redução das desigualdades e no fortalecimento das políticas públicas.
As propostas incluem a criação de alianças entre países para enfrentar a desigualdade, o redirecionamento de investimentos para serviços públicos em vez do setor privado, a taxação de ultrarricos, a reforma do sistema global de dívidas e o uso de indicadores além do PIB para medir o progresso real das sociedades.