Bruno Fernandes das Dores de Souza é conhecido como Goleiro Bruno, seja pela brilhante passagem pelo Flamengo que possivelmente o levaria à Seleção Brasileira, se não fosse o envolvimento na morte da modelo Eliza Samúdio, com quem tem um filho.
Foi preso em 2010 e, hoje, em regime semiaberto, tenta – em vão – retornar ao ofício de guarda-metas no futebol profissional. Afinal, o encarceramento e todo o discurso do sistema prisional não tem como última finalidade a recuperação do indivíduo e prepará-lo à ressocialização?
É fato que Bruno jamais confessou ter sido o mandante do crime, como alegou à Justiça o seu amigo e acusado de ser o executor da morte de Eliza, Macarrão (em liberdade condicional desde outubro de 2018). No tribunal e em entrevistas, o ex-flamenguista diz sempre que sabia do assassinato da mãe do seu filho, Bruninho, que recentemente disse ter medo do pai e deseja mudar próprio sobrenome.
O fato é que questões familiares, investigações policiais e julgamentos nas varas e câmaras criminais não servem de preconceitos à sociedade civil para impedir Bruno de provar arrependimento e redenção por meio do trabalho.
Nesta semana, o prefeito da cidade cearense de Barbalha, Argemiro Sampaio (PSDB), determinou que fosse cancelada a contratação do goleiro pelo time local (o Barbalha) – o político é um dos patrocinadores do clube, atualmente na primeira divisão do estadual e que disputará a Copa do Brasil em 2020.
Foi um arrogante “repúdio” à contratação do goleiro mineiro, um juízo pessoal e unilateral para manter Bruno desempregado, lembrando que na sua primeira tentativa de voltar aos gramados, jogou apenas 45 minutos pelo Poços de Caldas e teve o contrato rescindido.
À volta ao futebol não será fácil para Bruno e, o motivo, o Brasil inteiro sabe. No entanto, é lamentável que algo tão humanista como uma segunda chance à vida em sociedade seja ainda tão distante do entendimento de muitos.