Sinal Vermelho
Confira o editorial deste domingo (13)

Foto: Divulgação
A recém-criada campanha promovida pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) incentiva as vítimas de violência doméstica a denunciarem agressões nas farmácias. A intitulada ‘Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica’ sugere que mulheres mostrem um X vermelho na palma da mão para que o atendente ou o farmacêutico entenda tratar-se de uma denúncia e em seguida acione a polícia e encaminhe o acolhimento da vítima.
A dinâmica é interessante, isenta o atendente de prestar depoimento sobre o envolvimento na denúncia, tendo em vista que não presenciaram a violência. Assertivo. Eles são apenas o meio para que a vítima consiga realizar a denúncia e a mulher é quem decide se dará ou não queixa contra o agressor na polícia, que será chamada imediatamente ao local.
A campanha ocorre em um momento oportuno, considerando o aumento no número de casos e a gravidade do assunto. É um momento de união de esforços, conscientização e coragem para enfrentar essa questão. A contrapartida aos envolvidos é a sensibilidade para agir com o máximo de cuidado no acolhimento das vítimas.
A vítima, muitas vezes, não consegue denunciar as agressões porque está sob constante vigilância. Várias situações ainda impedem a notificação da forma como ela deveria ocorrer porque as vítimas normalmente têm vergonha, têm receio do seu agressor e medo de morrer.
Por isso, é preciso agir com urgência. Campanhas, como a Sinal Vermelho, são estimulantes, então é preciso, mesmo, o engajamento e dedicação de toda a cadeia participativa – sem julgamento ou partidos.
No entanto, vale algumas ressalvas no que diz respeito a um segundo momento da denúncia, como acolhimento da mulher, segurança contra o agressor e condições de reabilitação às vítimas de violência que eventualmente dependiam financeiramente do companheiro, como prioridade para vagas em creches e acesso a cursos profissionalizantes. São procedimentos importantes a se pensar para deixar a iniciativa mais robusta e, principalmente, para que todo o esforço não para na denúncia na delegacia, sem um acompanhamento ou proteção.