O cargo de presidente da Procuradoria-Geral da República (PGR) será a partir da próxima semana ocupado por uma pessoa. Raquel Dodge, indicada pelo ex-presidente Michel Temer, foi preterida pelo atual mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro, e acredita-se que mudanças significativas estão por vir no alto escalão do Ministério Público Federal.
A verdade é que, apesar de ter cumprido apenas um mandato de dois anos, a relação entre Dodge e o atual governo estava, em questão de nem mesmo nove meses, desgastada. Uma relação sem liga e sem brilho. Uma eminente tensão sempre pairou e, sem a confiança do Executivo quanto ao trabalho do MPF, a defesa da ordem jurídica no Brasil fica, mesmo, sempre na berlinda.
No entendimento do governo Bolsonaro, a presidente da PGR foi questionável em diversos momentos. O mais recente, aliás, nesta semana, Raquel Dodge pediu a suspensão de portaria do ministro da Justiça Sergio Moro sobre deportação de estrangeiros, mas só quase três meses depois que a portaria foi baixada. A decisão tardia soou como retalhação por não ter sido reconduzida ao cargo.
Dodge também foi duramente criticada, especialmente por procuradores, por ter pedido arquivamento em caso envolvendo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e contra um parente do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal – mais uma vez, no apagar das luzes da Procuradoria-Geral da República.
Sai Dodge, entra o subprocurador – baiano – Augusto Aras? Ele ainda passará por sabatina no Senado, mas o indicado de Bolsonaro é nome que agrada a muitos, seja situação ou oposição. É uma oxigenação pontual a um órgão tão fundamental à democracia e à defesa dos direitos dos cidadãos como a PGR.
