Tarifaço dos EUA ameaça exportações de açaí e pode afetar mais de 300 mil trabalhadores no Pará
Estado é o maior produtor e exportador de açaí; setor teme queda nas exportações

Foto: Reprodução/TV Brasil
Responsável por quase 90% de todo o açaí produzido no Brasil, o Pará deve sentir os efeitos do tarifaço imposto por Donald Trump. O estado lidera as exportações do fruto e os Estados Unidos são o principal comprador internacional – cerca de 40% do produto tem como destino o mercado norte-americano.
Especialistas do setor econômico dizem que a fruta pode se tornar artigo de luxo nos EUA. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com a redução das exportações, mais de 300 mil trabalhadores podem ser impactados no Pará.
O aumento da tarifa deixa os produtos brasileiros mais caros nos EUA e reduz significativamente o volume de exportações, atingindo diretamente a cadeia do açaí.
O estado abriga um parque industrial especializado na transformação, conservação e exportação do produto, especialmente na forma processada, como polpas e extratos. Em 2024, o Pará exportou mais de 8 mil toneladas de açaí, com destaque para as produções nos municípios de Igarapé-Miri, Cametá e Abaetetuba.
Além disso, uma possível redução nas exportações afetaria não só as agroindústrias exportadoras, mas também os produtores ribeirinhos, as cooperativas, os transportadores e os trabalhadores envolvidos na coleta, beneficiamento e comercialização do fruto.
Possíveis saídas
Como alternativas, é necessário diversificar os mercados compradores, ampliando as exportações para países da Europa, Ásia e América Latina, onde o consumo de produtos saudáveis e sustentáveis tem crescido. O açaí tem ganhado projeção internacional como uma espécie de "superalimento".
Outra possibilidade seria o fortalecimento da verticalização da produção, com a criação de derivados mais sofisticados do açaí que agreguem valor e conquistem novos nichos de mercado, inclusive dentro do Brasil.
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