UFPE anuncia turma extra de Medicina para integrantes da Reforma Agrária e quilombolas e vira alvo de críticas; entenda
Medida foi alvo de críticas do CREMEPE e de políticos da direita

Foto: Reprodução
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciou a criação de 80 vagas no curso de Bacharelado em Medicina, a serem oferecidas pelo Centro Acadêmico do Agreste (CAA) para o segundo semestre letivo de 2025, em Caruaru, por meio do Programa Nacional de Educação para Áreas da Reforma Agrária (Pronera). A política, instituída em 1998, visa promover a Educação do Campo para as populações das áreas de reforma agrária e territórios quilombolas.
A medida virou alvo de críticas de políticos da direita e do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (CREMEPE). Em um vídeo publicado em seu perfil do Instagram no último sábado (20), o vereador Thiago Medina (PL), líder do partido na Câmara Municipal do Recife, questiona a validade da medida.
"Olha que absurdo, cara. Enquanto você se mata de estudar, igual esse pessoal aqui, paga cursinho, vai para aulão, faz o ENEM, o governo simplesmente fecha as portas para você. Entrega a medicina de bandeja para um grupo escolhido politicamente. Ao invés de selecionar os melhores para cuidar da vida, o que o governo está fazendo é uma escolha puramente ideológica. Não são os melhores que vão cuidar de você. É esse pessoal aqui. Aí a esquerda vai falar que é tudo por inclusão, mas não. Isso aqui é só uma forma de beneficiar os amiguinhos políticos dele", afirma o parlamentar.
"Eu acho que eles cansaram de roubar terra, querem roubar vaga na universidade agora", dispara.
Confira o vídeo:
Já o CREMEPE, por meio de uma nota publicada na segunda-feira (22), se manifestou contra o processo seletivo da UFPE. "As entidades médicas de Pernambuco – Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), Associação Médica de Pernambuco (AMPE) e Academia Pernambucana de Medicina (APM) – vêm a público manifestar-se contrárias à forma como está sendo conduzido o processo seletivo para o curso de Medicina criado pelo PRONERA/UFPE, no Campus Caruaru, destinado exclusivamente a integrantes da Reforma Agrária", afirma a entidade.
Na nota, o Conselho ressalta que "a criação de um processo seletivo exclusivo, paralelo ao sistema nacional, sem utilização do ENEM e do SISU como critérios de acesso, afronta os princípios da isonomia e do acesso universal, além de comprometer a credibilidade acadêmica e representar um precedente grave e perigoso para a educação médica no Brasil".
A UFPE também publicou uma nota na segunda-feira. No texto, a instituição reforça que a medida cria uma turma extra e "não interfere na distribuição regular de vagas da universidade que já existe fluxo de funcionamento definido na instituição via SISU".
Além disso, a universidade afirma que a avaliação realizada no vestibular já é adotada em outros vestibulares da UFPE, como o Vestibular Quilombola e o Intercultural Indígena.
"A UFPE reitera a lisura e a transparência do processo, destacando que segue rigorosamente as normativas do Programa e da legislação educacional vigente. Ainda, ressalta que, através de recursos oriundos do Incra, esse processo seletivo possibilita a parceria da UFPE com o Pronera a fim de que ambas as instituições continuem comprometidas com a inclusão e com a democratização do acesso ao ensino superior, na garantia de um processo seletivo justo e transparente para todos/as os/as candidatos/as", finaliza a nota.
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