Vídeo: Deputado do PL cita golpe de 64 ao defender Bolsonaro e líder do partido tenta apaziguar: 'queremos democracia'
Lideranças da oposição se posicionaram após mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente

Foto: Farol da Bahia
BRASÍLIA - O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), durante discurso em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), citou o período do golpe militar no Brasil, a década de 1964, duas vezes. Segundo o parlamentar, a imprensa deveria "agir em favor do povo como em 64".
"E na década de 60, em 64, a imprensa agiu em favor do povo. Tá na hora da imprensa brasileira agir em favor do povo brasileiro. São os senhores que estão aqui", disse a jornalistas.
O discurso do deputado aconteceu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar busca e apreensão na casa do ex-presidente e em endereços ligados ao Partido Liberal. Entre as restrições, Bolsonaro passará a usar tornozeleira eletrônica e não poderá acessar redes sociais.
"Estamos entristecidos com o que aconteceu com o presidente Jair Bolsonaro agora. Algo totalmente ilegal dentro do processo jurídico", disse o Coronel Chrisóstomo.
Jornalistas tentaram questionar o deputado federal sobre a sua referência ao golpe militar de 64, mas o senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder da legenda no Senado Federal, tomou a frente das respostas. "Há uma preocupação muito grande sobre a defesa do nosso país, isso é suficiente para a resposta", disse.
Ao ser questionado se o partido estaria defendendo algum tipo de interferência das Forças Armadas, Portinho respondeu que "o que a gente quer é democracia".
"Hoje há exilados políticos, há jornalistas com esse medo. O que estamos dizendo é que a sociedade, aonde se inclui a imprensa e as Forças Armadas, que todos olhem para o que está acontecendo porque o mundo está olhando", respondeu.
Veja declaração:
O senador Carlos Portinho e outros líderes da oposição no Congresso Nacional também publicaram uma nota conjunta alegando "perseguição política" contra Jair Bolsonaro. Confira abaixo:
"NOTA CONJUNTA DA OPOSIÇÃO
O Brasil assiste, mais uma vez, a um grave episódio de perseguição política disfarçada de ação judicial. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi novamente alvo de medidas cautelares arbitrárias determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, que, em nome da autoridade, tenta impor o silêncio ao principal líder da oposição no país. As medidas impostas — como a proibição do uso das redes sociais, de comunicação com diplomatas estrangeiros, de manter contato com aliados políticos e até com seu próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, além da imposição de tornozeleira eletrônica — não se sustentam juridicamente e ferem princípios constitucionais fundamentais, como o devido processo legal, a dignidade da pessoa humana e a proporcionalidade.
Não há condenação. Não há provas inequívocas de crime. Há, sim, uma escalada autoritária e o uso do aparato judicial como instrumento de repressão política. Trata-se de um movimento perigoso, que ameaça as bases do Estado de Direito e transforma a divergência em delito. A criminalização de opiniões, o cerceamento da liberdade de expressão e a tentativa de neutralizar lideranças por vias judiciais colocam em risco a própria democracia. Criticar autoridades, denunciar abusos e participar do debate público são direitos garantidos pela Constituição — e não podem ser tratados como afrontas institucionais.
O contraste com o passado recente é evidente. Em 2016, Dilma Rousseff discursou na ONU para denunciar um suposto golpe. Em 2017, advogados de Lula foram à Europa questionar decisões do Judiciário brasileiro. Em 2018, a defesa do ex-presidente recorreu à ONU para impedir sua prisão, enquanto ele próprio, mesmo condenado, pôde viajar ao exterior para fazer denúncias contra instituições brasileiras — sem sofrer qualquer censura, prisão domiciliar ou restrição de fala. Por que, então, agora se trata com tamanha rigidez um ex-presidente que sequer foi condenado?
Enquanto se restringem liberdades e se tenta calar adversários, vemos, ao mesmo tempo, a relativização da corrupção de réus confessos da Lava Jato, o perdão bilionário de escândalos que drenaram os cofres públicos, o abandono dos aposentados, o aumento do custo de vida e o avanço do aparelhamento do Estado. Uma cortina de fumaça encobre o caos econômico e moral instalado no país, desviando a atenção para perseguições políticas seletivas.
Diante desse cenário, o Congresso Nacional precisa reassumir seu papel constitucional. É dever do Legislativo agir com independência e responsabilidade para conter os excessos de um Poder que, cada vez mais, ultrapassa os limites da legalidade e da razoabilidade. Quando decisões individuais violam liberdades fundamentais, silenciam representantes eleitos e interferem diretamente na vida política nacional, o Parlamento deve reagir com firmeza para restabelecer o equilíbrio entre os Poderes e proteger os direitos do povo.
É hora de a sociedade brasileira se posicionar com coragem. O povo deve voltar às ruas, de forma pacífica e ordeira, para exigir respeito à Constituição, à liberdade e à democracia. Nenhuma toga está acima da lei. Nenhum cargo autoriza a perseguição. Nenhum brasileiro deve ser silenciado por pensar diferente. Somos 213 milhões de cidadãos livres. E a Constituição é clara: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
Por tudo isso, reafirmamos nosso repúdio à censura, à intimidação e à tentativa de humilhação de um ex-presidente da República. O silêncio jamais será uma opção diante da injustiça.
Senador Rogério Marinho - Líder da Oposição no Senado
Senador Carlos Portinho - Líder do PL no Senado
Senador Izalci Lucas - Líder da Oposição no Congresso
Deputado Federal Zucco - Líder da Oposição na Câmara
Deputado Federal Sóstenes Cavalcante - Líder do PL na Câmara"