Vídeo: 'O prefeito hoje nos convoca para permanecer em greve', diz profissional da Educação durante protesto em Salvador
Categoria da rede municipal está em greve há mais de 20 dias na capital baiana

Foto: Farol da Bahia
Os profissionais da educação da rede municipal de Salvador participaram nesta terça-feira (27) de um novo protesto em frente à Prefeitura. Os educadores reivindicam o pagamento integral do piso nacional do magistério, que, segundo a APLB-Sindicato, está defasado em mais de 58% na capital baiana.
Em entrevista ao Farol da Bahia, Denise Souza, que faz parte do Coletivo de Coordenadoras Pedagógicas, acusa o prefeito Bruno Reis (UB) de "maquiar" o não cumprimento do piso e afirma que o silêncio da gestão contribui para o agravamento da greve, que já conta com 22 dias.
"A média salarial não corresponde à realidade da maioria da rede, o que é, na verdade, uma fronte. A categoria em greve há 22 dias. Tem 110 dias que a gente está aqui, batalhando por um diálogo, por uma conversa com o prefeito, que se recusou durante esse período todo a dialogar sobre caminhos para o pagamento do piso. Ele quer associar a ideia do salário base às gratificações para dizer, numa manobra, que está pagando o piso, mas isso é inconstitucional", afirma.
Denise ainda cita que o caso está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) e acusa o prefeito de tentar antecipar uma interpretação da Corte que favoreça a narrativa do Executivo municipal. Segundo ela, a ausência de diálogo também resultou nos confrontos ocorridos na Câmara de Vereadores no dia 22 de maio, quando a proposta foi votada sob protesto da categoria. Na ocasião, houve invasão dos sindicalistas à CMS, o que gerou uma briga generalizada entre os protestantes e vereadores.
"Nada disso precisava ter acontecido, absolutamente nada. O dia 22 não precisava ter acontecido se a cidade tivesse um prefeito que sentasse e dialogasse, como ele prometeu que faria na jornada pedagógica da educação", pontuou.
A coordenadora pedagógica também denuncia que a proposta de reajuste não valoriza a formação dos profissionais da educação e desestrutura o plano de carreira da categoria.
"Salvador é uma das capitais que não paga o piso. Paga muito abaixo dele: R$ 3.072,00 é o salário inicial de um professor. Ele desrespeita quem faz especialização, mestrado, doutorado. Quer achatar a nossa tabela, retirar direitos, mexer no nosso plano de carreira, como foi feito agora. Produzindo reajustes diferenciados, o que faz com que alguns ganhem um valor, outros ganhem outro. Isso achata uma legislação local que está relacionada ao nosso nível de estudo, à formação", critica.
A proposta enviada pelo prefeito Bruno Reis (UB) à Câmara Municipal foi aprovada pelos vereadores na última semana, mas a categoria considera os percentuais insuficientes e desiguais. A proposta prevê reajuste de 9,25% para professores de Nível 1/Referência A; 6,65% para Nível 1/Referência B; 6,27% para o quadro suplementar do magistério público; e 4,83% para os demais servidores municipais.
Veja declaração:
Prefeito exalta reajuste salarial dos professores
Nesta terça-feira (27), o chefe do Executivo municipal promoveu uma coletiva de imprensa, após dias sem se pronunciar sobre os últimos episódios envolvendo a categoria, e afirmou que o reajuste salarial concedido aos professores de Salvador é o maior do Brasil.
"De 6.27% a 9.25% é o maior reajuste que eu estou dando nesses quatro anos que eu posso dar, 20222, 2024 e 2025. E eu quero enfatizar aqui que é o maior reajuste do Brasil em relação a outras cidades [...] Recife deu 3% de reajuste aos professores e um abono de 3,27% em parcela única, sendo que para os demais servidores, 1,5%. Fortaleza, 4,83% a todos os servidores e 6,27% aos professores. São Paulo, 2,6% com início em 1º de maio e 2,55% a partir de 1º de maio e 26% para os demais servidores e, para os professores, 6,27%. Porto Alegre, 4,83% para todo mundo", diz Bruno Reis.
Confira o vídeo