Vídeo: O racismo está entranhando em todas as classes da sociedade

Delegado Ricardo Viana foi chamado de "macaco"

[Vídeo: O racismo está entranhando em todas as classes da sociedade]

FOTO: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O delegado da Polícia Civil, Ricardo Viana, chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), foi vítima de racismo na sexta-feira (7) no Lago Sul em Brasília. Ele foi chamado de macaco enquanto comprava um lanche na McDonald’s com a filha de 15 anos. O autor do crime, de 34 anos, está preso e passará por audiência de custódia. 

"Como a fila do drive-thru estava grande, decidimos entrar no estabelecimento. No local, nós pagamos e minha filha se sentou em uma das mesas. Para encontrá-la, tive de passar por um indivíduo, que estava no balcão, sem máscara. Apesar disso, não disse nada em relação a isso. Passei e perguntei à minha filha qual era nossa senha, momento em que esse indivíduo me empurrou, me chamou de 'macaco'", conta.

"Estou muito consternado com a situação e não poderia me calar nesse momento, pelas minhas filhas, meus pais, meus irmãos e todos os que acompanham minha trajetória. Não falo como delegado, profissão que consegui com muito esforço e trabalho. Mas relato, aqui, que vivemos um racismo estrutural, que está inserido em todas as classes sociais."

Clientes tentaram intervir em meio à confusão, mas não conseguiram. "Minha filha ficou muito consternada, e eu queria sair dali, até para poupá-la desse incidente. Pedi aos funcionários para apressarem o meu pedido, o que foi feito. E o indivíduo prosseguiu me xingando, enquanto as pessoas tentavam ajudar. Quando saía, o indivíduo me chamou novamente de 'macaco', e disse que não passasse por ele novamente, pois iria me 'pegar'", relembra.

"Não estava agindo como policial, mas como cidadão. Mas, foi então que me virei, identificando-me como delegado e dei ordem de prisão. Ele resistiu e conseguiu sair correndo da lanchonete. Ele foi detido posteriormente por uma equipe da Polícia Militar que prestou apoio."

O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). O morador do Lago Sul foi preso em flagrante por injúria racial, ameaça, vias de fato, injúria e porte de drogas.

"Eu não poderia me calar nesse momento, em nome dos meus parentes afrodescendentes, que sofreram durante a escravidão. Estou aqui lutando pelo meu direito pela igualdade, previsto na Constituição. Eu exijo respeito, não só a mim, mas aos meus familiares e a todos os negros que ajudaram a construir a história dessa nação", frisa Ricardo. 

 


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