Zé Mineiro, do rádio e do Brasil

[Zé Mineiro, do rádio e do Brasil]

FOTO: Divulgação

Quando ainda morava na zona rural, Antonio Margiotta era cortador de cana e já se aventurava em idas à cidade para tocar viola. “Ia de charrete”, um dia me contou o homem que então na década de 60 já estava envolvido no meio musical como a dupla sertaneja Zé Mineiro e Mineirinho. Não só tocou viola, mas também se envolveu com rádio, uma paixão incondicional. Por 50 anos, comandou um programa dominical, que ir ao ar às 5 da manhã numa sintonia AM.

Zé Mineiro e Mineirinho se apresentaram por cinco anos e só depois com o fim da dupla que Antonio foi trabalhar no rádio. Sair dos palcos, no entanto, não foi porque quis. O Mineirinho casou e parou de cantar, foi então que virou radialista. 

O primeiro programa de rádio foi nomeado A Voz Agrícola do Brasil. Incondicional fã de sertanejo raiz, tocando ou divulgando o estilo, Zé Mineiro coleciona vinis e CDs num cômodo de sua casa, onde também meticulosamente preparava a programação semanal daquele programa dominical. Todo o material está arrumado em ordem alfabética e ele diz onde cada peça está sem pestanejar. Hoje, é uma discoteca com cinco mil álbuns. A idade avançada não o impede de ser um colecionador que ainda se delicia com novas aquisições.

Zé Mineiro é daqueles que enchem o peito para contar que tinha total liberdade para definir a lista de músicas que apresentava ao ouvinte – outros tempos, não? “É o que eu quero”, falava em tom sério, que na hora da gravação dava espaço ao humor de Minhoca, um dos seus ajudantes. Outro companheiro em estúdio era Zé Marreco, responsável por atender, em média, 120 ligações por programa. 

A meta foi atingida. 50 anos de serviços à música sertaneja na rádio. “Tive saúde”, me disse enquanto fumava um cigarro, hábito que ele garante, ironicamente, melhorar a voz grave, um clássico do radialismo que dá “bom dia” com elegância. 


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