José Medrado

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Há quarenta e um ano fundei com um grupo de pessoas um centro espírita, logo um templo de um segmento religioso, mas não por isto, passei achar que existia alguma religião melhor que outra. Sempre concebi que a melhor religião é aquela que atende as suas buscas, responde aos seus questionamentos existenciais. Assim, como identificar alguma religião melhor? Ela pode estar sendo ótima para quem se encontrou ou viu em seu exercício um estímulo à realização da caridade, do bem, a própria transformação em alguém melhor.

Dessa forma, com uns amigos de diversas religiões, inclusive do islamismo, fundamos o CIRB – Comitê inter-religioso da Bahia, com o objetivo e propósito de fomentar a discussão, gerar ações em conjunto, servir de referência para o cultivo pacífico de uma vivência de respeito entre diferentes. Convergimos no que seja comum a todas as religiões e no que divergimos nem tocamos.

A nossa Constituição de 1988 sacramente a laicidade do país, ou seja, não há religião oficial do Estado brasileiro, ainda que vemos, inadvertidamente chefes do Executivo, em todas as suas instâncias, fazendo inaugurações com celebrações de religiões da profissão de fé que vivencia. É verdade, também, por outro lado, que a cada dia esta “tradição” está deixando de existir. Foi por isso que, confesso, me chocou o presidente Jair Bolsonaro comentar o que ele chamou de “completamente equivocada”  a criminalização da homofobia, pelo Supremo Tribunal Federal, com enquadramento na lei de crime de racismo. A questão não se cinge ao seu comentário, mas por conta do seu descontentamento afirmar que precisaria de um ministro evangélico no STF, pois ele sentaria no processo que resultou na criminalização da homofobia. É de uma estultice o comentário presidencial sem precedente, pois ele está estabelecendo como critério para o STF, guardião da Constituição, não o notável saber jurídico, tampouco a reputação ilibada, mas a religião!!!! Não acredito que nem o mais ardoroso fã do presidente vai ver com naturalidade tal insensatez. Ademais, alguém precisa avisar a ele que no Brasil não tem religião oficial, e que ele representa a população em seu conjunto.

 


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