Tem, sim senhor! É o espetáculo, repetido todo o ano, a Conferência das Partes – este ano, a COP30, que se realiza em Belém, no Brasil. O circo está pegando fogo, vale a pena observar as labaredas da hipocrisia, que se expandem pelo ar.
Na COP26, o Primeiro Ministro da Índia, Narendra Modi, sustentou perante uma plateia extasiada, que o seu país suspenderá as emissões de carbono pela metade até 2030 e que em 2070 chegará a zero líquido dessas emissões. A redução de um milhão de toneladas, então prometida, representa a metade de suas emissões, o que tem elevado a Índia ao terceiro maior emissor do mundo.
Todavia, nos anos seguintes a energia que mais cresceu na Índia foi o carvão mineral, justamente o maior emissor de carbono na atmosfera, atingindo um bilhão de toneladas e superando os Estados Unidos e a Europa juntos.
Essa contradição entre o discurso na COP e a realidade não passa de um conto do vigário. O convescote mundial serve para muitas coisas, menos para oferecer soluções reais aos problemas climáticos verdadeiros ou fictícios.
Em 1992, no Rio de Janeiro, a ONU, que havia convocado uma grande reunião dos países do mundo para discutir o meio ambiente, assume o papel de convocar anualmente as chamadas Conferências das Partes –COP.
Daí em diante, estabeleceu-se o grande dilema. O vilão eram as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pela produção de energia, insumo sem o qual não teria sido possível o vertiginoso processo de industrialização dos países situados no Atlântico norte. Nas primeiras COPs que se realizaram – essas sempre com as presenças massivas de Chefes de Estado, representantes industriais e seus lobistas e uma quantidade crescente de ONGs – o problema consistia em frear os países ricos e industrializados e criar uma área de tolerância a fim de os mais pobres e vítimas do crescimento desigual, pudessem ingressar no mundo industrializado.
As discussões e trocas de ideias fermentaram a partir de 1995, na COP de Berlim, e daí prosseguiram, porém sempre aturdidas com esse dilema perturbador. Em 1997 realizou-se, no Japão, o Protocolo de Kioto. Um marco de sua própria inviabilidade...
Os países desenvolvidos, finalmente, deveriam arcar com reduções significativas dos gases de efeito estufa, enquanto os demais países, envolvidos com processos de desenvolvimento, poderiam emitir gases nocivos, a fim de assegurar processos de industrialização tardia.
Não foi dessa vez que as nações mais pobres tiraram a barriga da miséria, em razão dos problemas ambientais. Como era de se esperar Kioto não conseguiu prosperar. Países como os Estados Undos, o Canadá também e quase nenhuma dos países ricos cumpriu o Protocolo de Kioto.
Se falta alguma lição fácil de aprender aí estava uma que não podia ser desperdiçada!
Teimaram, no entanto. Os primos pobres entregaram os pontos. Em Paris, o Brasil, alegremente aceitou a sua quota de redução e vem anunciando, o que certamente não vem cumprindo, nem cumprirá, como veremos no segundo artigo sobre o tema. Aliás, o respeitado cientista dinamarquês Bjorn Lomborg, asseverou que se todos os países cumprissem o que está estabelecido no Protocolo de Paris não passaria de míseros 1% do que está presente na atmosfera do planeta.
No picadeiro, a vaca vai tossir. Esperem só o que nos espera no próximo artigo sobre este mesmo tema.
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