A quase ebulição do Planalto
Confira o editorial desta terça-feira (30)

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Surpresas, atos repentinos, às vezes espalhafatosos, além de iminentes confusões e rusgas com diversos políticos e setores da sociedade, são constantes em praticamente todos os dois anos e três meses de governo Bolsonaro.
Mas a segunda-feira do dia 29 de março, sem dúvida, foi um espanto até mesmo para quem já espera – na espreita – por atritos e tomadas de decisões polêmicas.
Seis trocas ministeriais em questão de dez horas, não é pouco ou comum, entretanto, segue o jogo e tudo mais – a mais das linhas oficiais sobre as mudanças – são julgamentos e especulações.
Um processo, diga-se, corriqueiro quando se trata do atual governo, desde sempre bombardeado por análises não raramente exageradas e deturpadas por parte da mídia e sociedade.
Trocas acontecem por desacertos, desalinhamentos, desconfianças e/ou desentendimentos, uma prática iminente seja no pequeno comércio da esquina, seja no Palácio do Planalto. Administrar é ter uma equipe configurada de acordo com distintos anseios, mas sempre em busca de prosperar, qualquer que seja o caminho que o líder queira trilhar.
É evidente que, neste caso, debate-se o rumo de uma nação, o Brasil, e uma nação atordoada pela crise da covid-19 e pela economia em franca desfragmentação devido à persistência da pandemia e as consequentes e não palpáveis mazelas.
Preocupa, afinal, tantas trocas de uma tacada só é um gigantesco sinal de que é preciso recompor e colocar ordem na casa. O governo é uma engrenagem, e a presidência depende – e muito – da fluência com os ministros, Congresso, além de harmonia – esta, tão difícil de ser atingida – com Legislativo e Judiciário.
Brasília, vira e mexe, tende a entrar em ebulição, mas logo esfria.