Acidentes é a a principal causa de morte entre crianças e adolescentes de um a 14 anos
Segundo SBP, 90% desses eventos poderiam ter sido evitados com medidas simples de prevenção

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No Brasil, os acidentes são a principal causa de morte entre crianças e adolescentes de um a 14 anos. Os dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também mostram que eles causam cerca de 13 óbitos por dia e são ainda responsáveis pela hospitalização de mais de 120 mil jovens.
De acordo com a Sociedade, 90% desses eventos – que geralmente acontecem dentro de casa – poderiam ter sido evitados com medidas simples de prevenção. Para promover a conscientização do assunto, na data 30 de agosto é o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes.
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) é referência no tratamento de doenças de alta complexidade, como em crianças que ingeriram acidentalmente substâncias cáusticas. São acidentes que podem provocar queimaduras na boca, perfuração de órgãos internos, cicatrizes, necessidade de tratamento endoscópio e até cirurgias.
As consequências são muito graves e a criança passa a ser submetida a vários tratamentos médicos para tentar minimizar os danos da substância que entrou em contato com seus órgãos, além de precisar ser acompanhada a longo prazo por ter mais probabilidade de ter câncer de esôfago.
“As histórias geralmente se repetem, alguém da família acaba diluindo a substância dentro de uma garrafa e utiliza para desentupir a pia ou ralo, por exemplo, e o que sobra permanece nesse frasco, que a pessoa guarda debaixo da pia ou em um armário. Cerca de 80% dos acidentes no mundo acontecem em crianças entre 2 e 6 anos de idade, pois a criança nessa faixa etária é curiosa, vê o líquido e acaba tomando o produto”, explica a endoscopista pediátrica do IFF/Fiocruz, Paula Peruzzi Elia.
Normalmente as substâncias cáusticas estão presentes em alisantes de cabelo, desentupidores de pia, ralo e em alvejantes, assim como em baterias e pilhas de brinquedos infantis, que estão em fácil acesso da criança.
“Pouco se fala sobre a prevenção desses acidentes, que geralmente acontecem no próprio ambiente doméstico ou na casa de familiares, mas que podem ser evitados com medidas básicas: não tenha produtos cáusticos dentro de casa e, caso tenha algum produto e o utilize, guarde em um frasco separado, lacrado, bem identificado e fora do alcance da criança”, alerta Paula.
A endoscopista pediátrica alerta em casos de acidente desse tipo acontecer em casa. “Os responsáveis não devem tentar neutralizar a soda cáustica ingerida com outra substância, como leite ou outro produto, e sim levar a criança para a emergência mais próxima”. Os pacientes atendidos no IFF/Fiocruz são encaminhados pelo Sistema de Regulação (Sisreg) e contam com a assistência de uma equipe multidisciplinar para dar todo o suporte necessário, com Psicóloga, Nutricionista, equipe da Endoscopia Digestiva e Respiratória e das Áreas de Atenção Clínica e Cirúrgica à Criança e ao Adolescente.
“Atuamos em prol de melhorar a qualidade de vida dos nossos usuários, realizando procedimentos, como a traqueostomia, em pacientes que queimaram gravemente a árvore respiratória e não conseguem respirar, e a gastrostomia, colocação de sonda na barriga quando o paciente tem dificuldade em se alimentar e ingerir líquido. Precisamos disseminar essas informações preventivas, visto que, muitos casos acontecem por falta de conhecimento”, conta Paula.