Arquivos revelam que China divulgou dados incorretos sobre começo da pandemia da Covid-19
Informações foram divulgadas por rede de televisão nesta segunda-feira (30)
Foto: Reprodução/Cofen
A China divulgou dados mais otimistas do que os estágios iniciais do surto da Covid-19 sugeriam e demorou em confirmar casos já diagnosticados, de acordo com documentos internos das autoridades nacionais, divulgados pela CNN nesta segunda-feira (30). Os arquivos foram apresentados por denunciantes que pediram anonimato, segundo a rede de televisão.
As fontes disseram que trabalham no sistema de saúde chinês e que são patriotas que desejam expor fatos que foram censurados e homenagear os colegas que falaram anteriormente. Os documentos foram verificados por seis especialistas independentes que apuraram a veracidade de seu conteúdo, segundo a CNN.
Em um dos relatórios, marcado com a frase “documento interno, mantenham o sigilo”, as autoridades de saúde locais listam 5.918 novos casos, detectados em 10 de fevereiro, o que é o dobro do número público oficial de casos confirmados nesse dia.
O número nunca foi revelado, já que o sistema de contabilidade da China parecia, no caos das primeiras semanas da pandemia, minimizar a gravidade do surto. Um outro relatório, produzido no início de março, apontou ainda que as autoridades demoravam, em média, 23 dias para confirmar o diagnóstico de pacientes que já não apresentavam sintomas na época em que os casos eram contabilizados.
A CNN entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores da China e a Comissão Nacional de Saúde, bem como a Comissão de Saúde de Hubei, que supervisiona o CDC provincial, para comentar as descobertas divulgadas nos documentos, mas não obteve resposta. Especialistas em saúde disseram que os documentos revelam por que o que a China sabia nos primeiros meses era importante.
"Ficou claro que eles cometeram erros, e não apenas erros que ocorrem quando você está lidando com um vírus novo. Também erros burocráticos e politicamente motivados em como eles lidaram com isso", disse Yanzhong Huang, pesquisador sênior da Global saúde no Conselho de Relações Exteriores.
